Posts Tagged ‘Golpe de Estado’

A UNIÃO DE TUDO O QUE NÃO PRESTA

4 de abril de 2017

   

                     Mercosul e OEA manifestaram  preocupação com a atual crise política da Venezuela.   A reação de Nicolás Maduro, foi pedir “respeito”, rejeitando qualquer interferência em assuntos de seu país. Ele acha que é dono da Venezuela.

                    – Ninguém se meta nos assuntos dos venezuelanos!

                    A oposição acusa o governo de Maduro de estar se transformando em ditadura.  O Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela, controlado por Maduro, assumiu os deveres da Assembleia Nacional, que tem maioria de oposição, por considerar que o Congresso está em “desacato”. 

                   A OEA está em vias de fazer uma declaração de ruptura constitucional na Venezuela.

                  Maduro não quer ninguém dando palpites nos assuntos de seu país. Mas ele não se fez de rogado ao intrometer-se nos assuntos do país de seus financiadores.

                – Fomos testemunhas de um evento que, sem lugar para dúvidas, constitui um golpe de Estado parlamentar contra a legítima presidente do Brasil, Dilma Rousseff”, frisou. Disse que a destituição daquela “faz parte de uma ofensiva imperialista para acabar com os governos populares (…)”

                As declarações de Maduro ficam ainda mais estapafúrdias quando se sabe que os nomes dele e de Hugo Chavéz estão na lista da Odebrecht. O ex executivo da empreiteira, Fernando Migliaccio, declarou ao MPF foi incumbido de tratar com Monica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, o cronograma de pagamentos da campanha eleitoral venezuelana.  

                 Sim, Hugo Chávez e Nicolás Maduro foram eleitos com dinheiro roubado.  

          Os governos Lula e Dilma aniquilaram a economia brasileira ao financiar obras e serviços em países ao redor do mundo, com o intuito de lucrar por meio delas. Através de contratos secretos (que, espera-se, logo deixarão de ser), rodovias, hidrelétricas, ferrovias, barragens, portos, aeroportos e metrôs foram erguidos na Venezuela, em toda a América Latina e na África.   

                 Em 2009, na cúpula das nações africanas, Lula declarou em alto e bom som:

                 – Não podemos ter preconceito com países não democráticos. 

                   Para quem diz isso publicamente, enterrar bilhões para financiar obras suspeitas no exterior e eleger ditadores com dinheiro roubado, é ato de rotina.  

         

OU SEJA…

17 de março de 2016

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Foi liberado o teor de depoimento do “ou seja”, isto é, Lula. Aquele depoimento para o qual ele foi coercitivamente conduzido.

Impressiona o tom de deboche e ironia utilizados pelo depoente, especialmente a partir do momento que este percebeu que não estava conseguindo seduzir o delegado que o inquiria.

Lula, como sempre, abusou do cacoete de usar a expressão “ou seja”, que costuma empregar quando está enrolando. É lamentável que um ex-presidente possa expressar-se de maneira tão grosseira, baixa e mal educada como se constata na transcrição do documento. Recheada de palavrões, a peça é um deboche para quem tenha um mínimo de educação. Vou me abster de comentá-lo mais, eis que poderá ser lido por qualquer um que tenha estômago para tanto.

Os manifestos do último domingo foram um sucesso. Refiro-me àqueles que tiveram a adesão maciça e espontânea da população e não aos promovidos por militantes partidários. É importante fazer a distinção, porque houve uma vergonhosa tentativa de parte de parcela da mídia comprometida de querer comparar um Boeing 747 Jumbo a um vetusto Fiat 147. Sim, esta seria a proporção que definiria a diferença entre os atos promovidos pelos defensores do governo petista e as cerca de quatro milhões de pessoas que foram às ruas manifestar-se pelo impeachment de Dilma Rousseff, que pediram a prisão de Lula, que bradaram contra o PT, contra o mar de corrupção e o descalabro governamental. O povo deu um show. 

Pasmo e boquiaberto, o governo viu a quantidade impressionante de pessoas que é capaz de mobilizar. Na condição de adversários, é claro.  

Embora dona Dilma tenha “elogiado” a civilidade dos eventos, logo a turma do Palácio do Planalto fará o jogo na surdina, na penumbra dos salões acarpetados do poder que julgam supremo. Seja cooptando apoios ou nos conhecidos embargos auriculares dirigidos a canetas poderosas que possam retardar o inevitável desfecho. O governo acabou. Cada dia mais no poder, será um dia mais de atraso para o país retomar o rumo minimamente razoável para sair do atoleiro. O atual governo nada mais fará do que usar todos os meios disponíveis a seu alcance na tentativa de salvar-se da queda e – para muitos de seus companheiros – dos tribunais criminais.

Para aumentar o pavor de Lula e do governo, a juíza de São Paulo que  analisaria a denúncia e o pedido de prisão preventiva do ex-presidente, encaminhou o processo para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.

Além disso, Sérgio Moro cobrou um prazo de cinco dias para que Lula explique porque usa um cofre do Banco do Brasil para guardar jóias e obras de arte recebidas durante o exercício da Presidência. Está sendo feita a verificação se algum dos itens é anterior a seu período, além do levantamento de bens excluídos – por critério legal – do acervo privado dos presidentes “documentos bibliográficos e museológicos recebidos em cerimônias de troca de presentes, audiências com chefes de Estado e de Governo em visitas oficiais ou viagens de Estado ao exterior.”

No momento em que este texto está sendo escrito, há grande expectativa de que Dilma cometa o absurdo de nomear Lula como ministro encarregado da Secretaria de Governo, hoje ocupada por Ricardo Berzoini. A manobra garantiria  o foro privilegiado a Lula e possibilitaria que ele consiga escapar por algum tempo de Sergio Moro, passando à alçada do STF.

Não custa lembrar que Sérgio Moro foi o grande homenageado dos protestos realizados no domingo. Se a nomeação Lula ministro acontecer, a indignação e a ira populares serão imprevisíveis. A oposição imediatamente deverá entrar com ações populares e a solução virará  um enorme problema.  

Lembramos que o primeiro artigo do corrente ano publicado neste espaço teve como título “Emoções Garantidas”. 

Ou seja, elas estão vindo. Não chegaram ainda, embora pareça que sim.

(publicado no Jornal Correio de Cachoeirinha, edição de 16.03.2016)

Enio Meneghetti   

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Ainda o Decreto Totalitário de Dilma

11 de junho de 2014

Ainda o Decreto Toatalitário de Dilma

Na última sexta-feira o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE) apresentou um Projeto de Decreto Legislativo pedindo a revogação do decreto de viés totalitário baixado pela presidente Dilma Rousseff.

No Congresso, nove legendas – DEM, PSDB, PPS, PR, PV, PSD, PSB e Pros e Solidariedade, aderiram à medida de barrar o decreto de Dilma.

Assustado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), já sugeriu ao Palácio do Planalto que revogue o decreto. Ele resiste em colocar em votação o decreto legislativo de anulação dos efeitos do texto presidencial.

O decreto 8243/2014 cria a chamada “Política Nacional de Participação Social”. Na prática, o decretão de Dilma obriga os órgãos do governo a promover consultas populares sobre grandes temas, criando assim uma nova instância de poder contrária ao que dispõe a Constituição brasileira.

Os integrantes dos conselhos serão nomeados pelo governo dentre integrantes dos “movimentos sociais”. Causa espécie a desfaçatez do decreto governista, pois se sabe que o PT sempre se apoiou nesses movimentos, nunca se descuidando da relação. Os sindicatos, movimentos sociais como o MST, União Nacional dos Estudantes (UNE), foram muito bem tratados pelas gestões petistas no governo federal. A UNE recebeu 30 milhões de reais de indenização para a construção de uma nova sede no Rio de Janeiro e quase 13 milhões de reais em convênios no governo Lula. Segundo a revista Veja, o MST, só em 2005, o ano do mensalão, amealhou 64 milhões, por meio de ONGs, abastecidas pelo governo por meio de convênios.

O responsável pelo contato entre o governo e estas estruturas sempre foi e continua sendo o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Na gestão Dilma, porém, esses grupos e entidades já não consideravam suficiente o tratamento que continuavam recebendo. Foi daí que passaram a se repetir cenas de protesto, com indígenas, sem-terra e sem-teto tentando invadir o Palácio do Planalto ou acampados em frente à sede do governo. Ano passado, em meio aos protestos, o presidente do PT, Rui Falcão, até tentou capitalizar e infiltrar militantes petistas em meio às manifestações que sacudiram o país, mas os petistas foram hostilizados e isolados nas ruas.

Foi então, numa medida que parece estar entre a irresponsabilidade ou a loucura, que sobreveio o decretão de Dilma, que investe esses grupos com um poder inédito, nunca antes concedido na história deste país.

A oposição (sim, ela existe!) minoritária, ameaça com as limitadas armas à seu alcance: entrar em obstrução e não votar medidas provisórias, caso Dilma não revogue o decreto, ou caso o Congresso não aprove a peça revogatória apresentada. A expectativa da oposição é que o projeto tenha urgência e seja votado ainda nesta semana.

– Esse decreto é uma aberração. É uma desfaçatez o PT e a presidente Dilma chegarem ao nível de passar por cima do Legislativo. – disse Mendonça Filho. – Os integrantes serão escolhidos pelo governo, que pretende assim criar esse poder paralelo. Para ser ouvido, só se o cidadão comum estiver r associado a uma ONG ou a um sindicato – disse o líder do DEM.

As consequências são imprevisíveis. Mas o mais espantoso ainda é que os grandes jornais do RS não dedicaram – até o momento em que este artigo era escrito – nenhuma linha à respeito do tema. Por que será?

Perigo: iludindo a Pátria de chuteiras

4 de junho de 2014

Correio de Cachoeirinha 04.06.2014
artigo publicado no “Correio de Cachoeirinha – 04.06.2014

Com uma canetada, Dilma Rousseff quer modificar o sistema brasileiro de governo. Por Decreto.

O teor de intenções totalitárias do Decreto 8.243, baixado por Dilma em 23 de maio de 2014 e publicado no Diário Oficial da União do dia 26 é claro e assustador.

O Decreto cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e o Sistema Nacional de Participação Social (SNPS). É um conjunto de barbaridades jurídicas. É uma afronta à ordem constitucional do País. Esvazia o poder legislativo e transfere as decisões aos “companheiros”.

Esse decretão cria conselhos compostos por cidadãos, coletivos, movimentos sociais institucionalizados, nos órgãos do governo. Os indicados pelos “movimentos sociais” terão assento e poder direto de gestão em “todos os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta”, e também nas agências reguladoras, através de conselhos, comissões, conferências, ouvidorias, mesas de diálogo, etc.

Mas é o governo que vai indicar os membros desses conselhos! O que é uma aberração, quando sabe-se que é o Partido que controla esses “movimentos sociais”.

Constitui o aparelhamento ideológico por meio de movimentos sociais, filiados ao PT e sindicalistas ligados ao governo. A participação em movimentos sociais não pode significar poder institucional. O Decreto 8243 consiste na legitimação do aparelhamento da máquina estatal.

É um ataque à Constituição e à democracia. Tem de ser acionado imediatamente o já aparelhado STF, enquanto ainda não é tarde demais. O Decretão, já em vigor, é absolutamente inconstitucional.

A participação social numa democracia representativa se dá através dos seus representantes no Congresso, legitimamente eleitos pelo voto popular. O que se vê é que a companheira Dilma pretende por decreto, instituir nova fonte de poder.

O esquema lembra os regimes totalitários das esquerdas da América Latina. Tem características de modelos como o soviético, cubano, nazista, além do venezuelano, quando altera na marra, por decisão monocrática, arbitrária e abusiva o sistema brasileiro de governo.

Isso aqui não é a Venezuela. Não podemos admitir uma ditadura.

Até agora, somente o Estadão, em editorial no dia 29 de maio, criticou a aberração de Dilma. Baixado nas vésperas da Copa, é o mais puro exemplo de oportunismo, aproveitando o momento para impor velhas pretensões totalitárias do PT, jamais assumidas claramente mas rejeitadas pela Nação.

A consolidação da “participação social direta como instrumento de exercício de governo” era só o que faltava aos petistas para dominar a máquina estatal – estando ou não na Presidência da República ou no comando das duas casas do Congresso Nacional.

O golpe já está dado. O momento é gravíssimo. Se o novo instrumento de Dilma não for anulado, nem precisa de eleição. O PT consolida seu poder antecipadamente, perdendo ou ganhando.

Enio Meneghetti

http://www.eniomeneghetti.com

Dinossauros da extrema esquerda

2 de abril de 2014

Capa JB JANGO

“Agora eu sei porque ninguém luta contra a ditadura que está se instalando no Brasil. Estão todos ocupados na luta contra o Golpe de 64”. by JB

Cada dia mais me convenço que a falta de conhecimento geral sobre o que aconteceu de fato em 1964 justifica melhor estudo. A auto defesa dos dinossauros da extrema esquerda brasileira é referirem-se aos excessos pós AI-5. Só que o AI-5 veio em dezembro de 1968. O fato que completou 50 anos agora, é a derrubada de João Goulart, em 1964.

Ou o perfil das críticas atuais, pode-se dizer, deveria ser dirigido a ampla maioria do povo e da imprensa brasileira de 1964, contrários a Goulart, como se todos estes aplaudissem ditaduras, torturas, ou torturadores, ou isso que pregam não é verdade. É apenas “marketing histórico”, sob medida para proveito dos dinossauros no poder.

Vejam, como exemplo de distorção dos fatos: é recorrente a esquerda referir-se a participação “americana” no episódio. Disso se servem os mal informados ou mal intencionados para tirar proveito desse “marketing histórico”. O que “esquecem” é de comentar a participação cubana e soviética nos primeiros anos da década de 1960 no Brasil, antes da queda de Jango. Fato histórico comprovado à exaustão.

Em dezembro de 1962 foram descobertos os campos de treinamento de guerrilha em Divinópolis, Goiás. Montados em duas fazendas, com financiamento cubano pelo “Movimento Revolucionário Tiradentes” (M.R.T.), de Francisco Julião, líder das ligas camponesas.

Em “A Ditadura Envergonhada”, Elio Gaspary revela: “Em 1961, manobrando pelo flanco esquerda do PCB, Fidel hospedara Francisco Julião (…). Em viagem a Moscou, Francisco Julião ele pedira mil submetralhadoras aos russos (…). Cuba enviou como conselheiro de sua embaixada um veterano combatente da guerrilha urbana, Miguel Brugueras (…).Francisco Julião também enviou homens para cursos de guerrilha em Cuba. (…) O plano insurrecional caiu nas mãos dos serviços de segurança americanos em novembro de 1962 quando um Boeing 707 da Varig caiu nas cercanias de Lima com o “correio oficial” cubano. Na mala diplomática, detalhes sobre o plano insurrecional no Brasil, reclamações sobre “o gasto do dinheiro cubano a mãos cheias.”
Francisco Julião Fidel
Muito se fala nas “Reformas” de Jango e pouco se diz sobre elas. Em seu discurso no famoso comício da Central do Brasil em 13 de março de 1964, Jango anunciou seus decretos. O da Reforma Agrária – número 53.700/64 – declarava de “interesse social” as áreas rurais em um raio de 10 km nas margens de todas as rodovias federais, ferrovias, açudes, barragens. Segundo o extinto IGRA – Instituto Gaúcho da Reforma Agrária, isso representava 41,9% do território do RS.

O Decreto 53.701/64 encampava as ações ordinárias de Refinarias de petróleo em mãos de particulares. Entre elas, a então “gaúcha”, IPIRANGA. Sim, a IPIRANGA chegou a ser estatal durante cerca de 15 dias.

Já o Decreto 53.702, com o prosaico título de “Tabelamento de Aluguéis”, outorgava uma verdadeira reforma urbana: em seu artigo quinto, trazia: “O Comissariado da Economia Popular listará em 90 dias os prédios e apartamentos desocupados com vistas à desapropriação por utilidade social”. O artigo nono do mesmo decreto trazia: “Os cartórios de Registro de Imóveis formarão nos próximos 90 dias listas especiais sobre os proprietários de mais de um imóvel.” Programa igual ao que fora feito na Cuba de Fidel, poucos anos antes. E tudo feito por decretos presidenciais, à revelia do Congresso Nacional. As indenizações, contrariando a Constituição vigente, seriam com títulos governamentais. Eram condições de verdadeira expropriação. Tudo por DECRETO! Qual o professor de História que conta isso? Qual o professor de cursinho pré vestibular conta isso?

Claro que ainda há gente que sonha em montar isso no Brasil de hoje.

É preciso dizer quem?

Aliado e compadre de Jango, Samuel Weiner, o dono do único jornal de esquerda, a “Última Hora”, criado com verbas do Banco do Brasil para apoio ao governo, em suas memórias narrou os “esquemas” onde ele foi a Suíça buscar dinheiro para financiar “manobras políticas”. Ou como Samuel, segundo ele a mando de Jango, fazia movimentar “caixinha das empreiteiras”. Diz Samuel “mensalmente entregava os montes de cédulas a João Goulart”. Imagine se fosse um adversário dizendo isso!

Militante comunista, o recentemente falecido Jacob Gorender, disse em seu clássico livro “Combate nas Trevas”: “O período de 60 a 64 marca o auge da luta de classes no Brasil. Nos primeiros meses de 1964 esboçou-se uma situação pré revolucionária e o golpe direitista se definiu pelo caráter contrarrevolucionário preventivo. Houve chance de vencer, mas foi perdida. O pior é que foi perdida de maneira desmoralizante.”

A verdade é que a Constituição estava sendo rasgada por João Goulart, que estava ingenuamente sendo usado pela extrema esquerda, que tão logo visse implantadas as tais “Reformas de Base” das quais a maioria dos que a elas se referem, nem sabem o que propugnavam. Assim que as esquerdas conseguissem implantá-las, o primeiro do qual se livrariam – daquela forma soviética ou cubana então vigente – seria o próprio João Goulart.
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editorial do Correio da Manhã de autoria de Carlos Heitor Cony

Longe de defender ditaduras ou torturadores, digo que há muito mais. Em meu livro “Baile de Cobras”, lançado em maio de 2012, abordei todos estes fatos, descrevendo o clima reinante.

Infelizmente o que se vê hoje é uma tentativa de relegar fatos históricos a um segundo plano, talvez em prol do projeto político atual.

Enio Meneghetti
http://www.eniomeneghetti.com

Mensalão Difere de Golpe de Estado?

25 de outubro de 2012

Trechos da manifestação desta tarde do Ministro Joaquim Barbosa por ocasião da definição das penas de um dos principais réus do Mensalão, no capítulo referente à Corrupção Ativa:

Joaquim Barbosa:   (…) Não se tratou de um crime de corrupção ativa comum, tendo réu Valério aderido à empreitada criminosa voltada à compra do apoio político e manteve intensa atuação durante todo o curso do delito criminoso ao lado do réu Delúbio Soares. Os milionários empréstimos puderam ser distribuídos aos deputados federais escolhidos por José Dirceu e a conduta de Valério foi extremamente reprovável devendo ser exacerbada a sua intensa culpabilidade.

(…) Valerio aceitou a empreitada criminosa executando os pagamentos combinados a outros parlamentares de outras legendas para os propósitos reprováveis e os motivos da prática criminosa demonstram o desprezo pelou demais, minando para propósitos privados as bases para uma sociedade livre que todos nós almejamos construir.

(…) Pois dele decorrem lesões que atingem bens jurídicos, mas igualmente o regime democrático, o pluripartidarismo, (…).  Por tudo o que foi dito, fixo a pena base em 4 anos de reclusão.

Significa o óbvio: ao comprar maioria no Legislativo, o Executivo subverte os fundamentos da democracia ao obter de forma ilegítima o poder de aprovar tudo o que for de seu interesse. Qual a diferença prática entre uma atitude dessas com a de simplesmente FECHAR o Congresso através de um Golpe de Estado? Será que esses réus condenados e a própria sociedade brasileira tem a exata noção do que foi (in)tentado? E se não fosse o acaso, a sorte, de um desacerto entre o ex-deputado Roberto Jeferson e a quadrilha agora condenada, ter trazido à tona a história toda, hoje talvez estivéssemos sob a presidência (quem sabe?) do Sr. José Dirceu.

Felizmente, parece, que nós, a sociedade brasileira, tivemos mais sorte que juízo.

Por fim, uma curiosidade: Embora as penas somadas do Sr. Valério devam ultrapassar os 40 anos, crime a crime ele ficou abaixo da pena máxima a cada uma das imputações. Embora, como no caso da “Lavagem de Dinheiro”, tenha sido condenado pela prática de 46 vezes (!!!) o delito. Minha dúvida é:  o que ele precisaria ter feito mais para receber a pena máxima prevista no Código Penal?

Por fim, felizmente o excelente e zeloso Ministro relator foi indicado e nomeado pelo ex-presidente Lula. Já pensaram se o relator fosse algum dos demais ministros nomeados pelos governos anteriores? A ladainha dos companheiros seria insuportável.