Archive for the ‘Educação para o Trânsito’ Category

Sobre o Fechamento da rua Padre Chagas

13 de março de 2017

 

Quando um empresário faz seu “Plano de Negócio”, calcula a viabilidade de seu empreendimento e aluga um espaço privado de “X” m2.

Em seguida, resolve promover uma festa para alavancar suas vendas. OK.

Mas quando quer expandir seu negócio para o MEIO DA RUA e ainda pretende o beneplácito do Poder Público, aí vira DEBOCHE!

A troco do quê os comerciantes poderiam ir além do espaço de seus imóveis locados?

A troco do que o poder público teria o DIREITO de, com um canetaço, entregar de mão beijada esse espaço para aumentar o faturamento de meia dúzia de casas, contrariando o interesse não só de moradores e contribuintes, como até mesmo de outras casas, como Dado Pub e Thomas Pub, aos quais cabem até o elogio por se manifestaram CONTRA a baixaria que farão os borrachos e mijões na sexta feira?

Onde fica o DIREITO DE IR E VIR dos moradores, que sequer poderão usar seus veículos no dia do evento?

Peço que façam registros com o celular das baixarias, para postar depois.

E no sábado de manhã, bem cedo, ao raiar do dia, ficará ótimo bater mais fotos das garrafas quebradas, latas vazias e sujeira pelo chão. Pena que as fotos não tem como registrar o cheiro de urina.

Espero que na reunião prevista para hoje, a Associação dos Moradores do Moinhos de Vento tome a decisão correta, no sentido de manifestar-se contra o carnaval irlandês. Porque, do jeito que a coisa vai, só falta aparecer algum “iluminado” querendo promover uma cavalgada no 20 de setembro. Afinal, até bar com esse nome já tem… Pensando bem, seria bem mais lógico até do que a festa alienígena…

http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/noticia/2017/03/rua-fechada-para-st-patrick-s-day-causa-debate-no-moinhos-de-vento-9743772.html

Rua fechada para St. Patrick’s Day causa debate no Moinhos de Vento Comerciantes a favor e contra bloquear a Padre Chagas para evento no próximo dia 17 discutem com mediação da prefeituraO pobre São Patrício nem sabe, mas menos de duas semanas antes do seu dia, é o responsável por divergências na rua mais badalada do Moinhos de Vento. Enquanto alguns bares da Padre Chagas pretendem fechar a rua no próximo dia 17 para comemorar com muita cerveja o St. Patrick’s Day — tradicional festa irlandesa que se popularizou pelo mundo —, outros são contra a medida. O assunto foi discutido na tarde desta quarta-feira em reunião na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico que, responsável por assuntos de comércio e turismo, media a contenda entre empresários favoráveis e contrários. A prefeitura ainda não confirmou o fechamento da rua: ficou acordado que a Procuradoria-Geral do Município (PGM) será consultada para a elaboração de um termo de ajustamento de conduta semelhante ao que permite a realização do Carnaval de rua. Uma nova reunião será feita na próxima segunda-feira à tarde, segundo o chefe de gabinete da secretaria, Alexandre Prates. Leia maisNão será um evento pequeno: 10 estabelecimentos já protocolaram na Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) solicitações para a reserva de vagas na rua, montagem de estrutura ou estacionamento de gerador de energia. O Mulligan Irish Pub apresentou seu projeto em janeiro prevendo a instalação de 11 banheiros químicos e de um palco para show e interação com o público. Gabriely Muñoz Rocha, que comprou o pub em novembro do ano passado, explica que a ideia é decorar a Padre Chagas, simulando uma floresta encantada com potes de ouro. Também estão previstas atrações como um concurso de fantasias. Gabriely destaca que o evento iniciará às 16h e terminará às 21h30min, respeitando a lei do silêncio. — A nova administração do Mulligan enxergou que o evento acontecia com ou sem organização, e quis entregar uma proposta cultural — explica a dona, acrescentando que parte das vendas de bebidas será revertida para instituições de caridade. Contrários, outros comerciantes se preocupam com o excesso de público. Werner Siegmann, 67 anos, sócio do Dado Pub na esquina da Padre Chagas com a Rua Fernando Gomes, lembra que, em 2016, um evento sem o respaldo da prefeitura bloqueou a rua pelo excesso de público. Isso atrapalhou os estabelecimentos da rua e quem reside no bairro, sustenta. — Achamos que o Moinhos de Vento não tem esse ar de trazer galera para fazer xixi no muro e atirar garrafa vazia no chão. No ano passado, no dia seguinte, parecia que havia acontecido uma guerra na rua — diz ele. Associação do bairro vai definir posição na próxima semana Também contra a realização do evento na rua, o dono de outro pub na Padre Chagas diz estar preocupado com o efeito sobre quem vive no bairro. — Queremos uma relação saudável, produtiva e eterna (com os moradores), e vamos colocar tudo isso em risco por causa de um evento — corrobora Wilson Herrmann, relações públicas do Thomas Pub. Moradores das redondezas ainda não se posicionaram sobre a ronha — ao menos, de forma organizada. O presidente da associação Moinhos Vive, Raul Agostini, diz que o assunto será discutido em uma reunião interna, marcada também na próxima segunda-feira. — O que não pode repetir é o que ocorreu ano passado, quando houve uma desatenção quanto à limpeza e quanto ao barulho. No meu entender, vai depender das posições de compromisso tomadas por quem está organizando. E-mailGoogle+TwitterFacebook

É PROIBIDO PROIBIR

3 de dezembro de 2015

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Esta frase do título esteve em voga nos anos setenta.

A semana passada marcou uma mobilização majoritária da sociedade em favor do UBER através das redes sociais.

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou uma lei – ao que tudo indica inconstitucional –  para regulamentar o serviço do aplicativo UBER.

Segundo entendimentos como o da Ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Nancy Andrighi,  “não cabe aos municípios ou estados legislar se o UBER pode ou não funcionar”. Segundo ela, o “UBER faz apenas intermediação do contrato de transportes”. Destacou que o Código Civil prevê esse tipo de contrato e “a proibição de aplicativos de intermediação de transporte não pode ser pautada por pressão política de categorias, mas sim pelo interesse dos consumidores.

O prefeito afirmou que O Uber mostrou a sua prepotência, seu autoritarismo. Achou que Porto Alegre era terra de ninguém. Não é. Aqui tem prefeito, tem Câmara de Vereadores e tem leis”.

A EPTC avisou que pediria carros pelo aplicativo para multar motoristas e apreender veículos em flagrante.

O Código de Processo Penal explica que Flagrante Preparado  é aquele onde a autoridade instiga ou de alguma forma auxilia a prática de um crime. Sabendo que a conduta delituosa irá ocorrer, apenas aguarda a possível pratica, configurando o flagrante. São inúmeros os debates sobre a legalidade desses tipos de flagrante. A súmula 145 do STF dispõe que não há crime nesses casos.   

A analogia poderia ser usada em defesa dos motoristas parceiros do UBER que caiam em uma cilada. A autuação pode ser tranquilamente contestada.

O UBER é uma empresa de tecnologia. Criou um aplicativo que intermedia serviços de transporte entre usuário e prestador. Se você negociar com vizinhos de prédio transporte remunerado utilizando seu automóvel, estará prestando o mesmo serviço que os colaboradores/motoristas do UBER. A diferença é o uso do aplicativo. Se abrir uma loja virtual para vender tênis, a prefeitura irá regulamentá-la? Se você contrata uma diarista para fazer a limpeza de seu apartamento, está realizando um contrato entre duas partes. Como o de transporte. Aliás, o UBER, ou você leitor, poderia criar um aplicativo para isso.

Os usuários avaliam do serviço via aplicativo, a única forma de contato. Se o serviço não for de acordo, o motorista é excluído. Os pagamentos são eletrônicos, não circula papel moeda.  

Claro que a fiscalização deve acontecer. Quem já teve o dissabor de envolver-se em algum incidente de trânsito com um taxista, já viu surgir de pronto um enxame à postos para a intimidação ou o confronto físico. Como ocorre também com moto-boys. Isso deveria ser fiscalizado. A forma de dirigir dos profissionais do volante também. Nos lotações, cada freada ou troca de marchas produz um coice digno de um campeonato de derrubar senhoras. E principalmente, prestador de serviço que discutir, xingar ou brigar no trânsito, deveria ser excluído. Façam o banimento dos maus profissionais dados à violência, como esses criminosos agressores que quase mataram uma pessoa cujo pecado foi tentar ganhar seu sustento sem prejudicar ninguém.

Enio Meneghetti

https://login.skype.com/login/silent?response_type=postmessage&client_id=580081&redirect_uri=https%3A%2F%2Fblu176.mail.live.com%2Fdefault.aspx&state=silentloginsdk_1449179625567&_accept=1.0&_nc=1449179625567&partner=999

Eleitores de Dilma protestam contra Dilma nesta sexta feira

28 de maio de 2015

“Quem pariu Mateus que o embale”

A CUT e outras centrais sindicais organizaram para esta sexta feira (29) uma paralisação geral.

Em comum, são todas entidades que apoiam Dilma e o PT.

– Ou não? Não foram vocês que a elegeram? O que sugerem? Impeachment?

Entidades, sindicatos e categorias ligadas à CUT irão aderir ao protesto.

Bloqueio de  avenidas estão previstos.

Os motivos da paralisação são todos de responsabilidade do governo petista.

Passam pela flexibilização das leis trabalhistas, ajuste fiscal, reforma agrária, até alíquota de imposto de renda.

Mas estão de brincadeira? Quem mandou vocês votarem nela?

Se não tinham capacidade de avaliar todas as mentiras vomitadas durante a campanha dela, que moral tem agora de atrapalhar a vida de quem produz?

O Sindicato do Rodoviários de Porto Alegre estima que nenhum ônibus saia das garagens na sexta-feira.

Bancários de Porto Alegre e da Região Metropolitana decidiram fechar agências na sexta-feira, durante o período da manhã.

Motoristas e cobradores de ônibus do ABC decidiram aderir ao Dia Nacional de Paralisação, marcado para esta sexta-feira (29) e que contará com atos em todo o país.

Devem parar os ônibus municipais em Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, o Corredor de Ônibus e Trólebus na Zona Leste de São Paulo, e Jabaquara, na zona Sul, passando por municípios do ABC Paulista.

E por aí vai. Em meio à crise causada pelo modelo petralha, um dia de trabalho perdido.

RIO GRANDE DO SUL
Durante a manhã serão realizadas ações (assembleias, caminhadas e paralisações) nos locais de trabalho, promovidas pelos sindicatos tanto na capital quanto em diversas cidades do interior do estado. À tarde, derá realizada caminhada até a Praça Matriz

SÃO PAULO

Paralização dos ônibus urbanos e do Terminal Bandeira
Entre 3h e 8h, os rodoviários e condutores/motoristas de Sorocaba, Guarulhos, São José dos Campos, Jacareí e do ABC, de sindicatos filiados a CUT, CTB, CSP/Conlutas e NCST, vão parar os ônibus urbanos e de turismo.

Às 7h, na Ponte das Bandeiras, CTB e NCST farão concentração, pararão o terminal Bandeira e, depois, seguirão em caminhada pela Santos Dumont, Avenida do Estado até o Parque Dom Pedro.

Manifestações de metalúrgicos, bancários e professores
A partir das 7h30, os metalúrgicos do ABC-CUT, farão assembleia em frente à sede do Sindicato, na Rua João Basso, 231, centro de São Bernardo do Campo e, depois, seguirão em caminhada pelas ruas do centro da cidade.

Os bancários – CUT vão cruzar os braços e fazer atos localizados em dois pontos da cidade ainda não definidos.

Às 17h, na Praça da República, será realizado um ato público unificado  que reunirá os professores da Apeoesp, que farão uma aula pública, dirigentes de todas as centrais e dos movimentos populares do campo e da cidade que participam do dia de paralisação, militantes e trabalhadores.

Paralizações e ocupações pelo MTST e MST
Paralisações dos metalúrgicos, químicos e bancários de São José dos Campos e região, ligados aos CSP/Conlutas.
Paralisações dos Químicos de Osasco/Intersindical, que estarão junto com movimentos sociais.
Paralisações na Baixada Santista, que vai reunir representantes da NCST, Intersindical, CUT e alguns sindicatos ligados a Força Sindical.
Paralisações em Campinas, comandadas pela Intersindical.
MTST vai ocupar Agências da CAIXA em vários pontos da capital e de cidades da região metropolitana.
MST fará ocupações de terra e atos em rodovias

Manifestações em estações da CPTM
Trancaço no Portão 1 da USP às 05h45
Manifestação na estação Jandira da CPTM das 06h30 às 08h00, na estação Osasco da CPTM às 10h e na Ponte do Socorro às 06h00

As mobilizações podem travar o trânsito nas rodovias Raposo Tavares, Castelinho, Castelo Branco, Anhanguera, Anchieta e Imigrantes.

AMAPÁ
Paralisações de municipais e vigilantes, além do movimento social e popular.

BAHIA
5h – paralisação de diversas categorias (petroleiros, metalúrgicos, rodoviários, borracheiros, construção  civil, alimentação, bancários etc)
13h – Concentração no Iguatemi e ato dos movimentos sindical e social, com caminhada até a FIEB.

CEARÁ
Paralisação na Coelce, empresa de energia do Estado, e aeroportuários.

DISTRITO FEDERAL
10h – Ato na Praça do Buriti contra a política neoliberal implantada pelo GDF, contra o PL 4330, e as MPs 664 e 665). Ao longo do dia, manifestações e paralisações de diversas categorias e setores, do campo e da cidade

GOIÁ
Atos entre 4 e 5h nos terminais de ônibus.

MARANHÃO
Paralização de urbanitários, federais, IFMA, Metalúrgicos e professores. Realização de ato na avenida que dá acesso a BR 365.

MINAS GERAIS
Às 16h, concentração e ato público na Praça Afonso Arinos, na Região Central da capital mineira.

MATO GROSSO
Às 14h, movimentos sindical e social sairão em caminhada da Praça Ulisses Guimarães, na Avenida do CPA, pelo Centro Político Administrativo.

PERNAMBUCO
Às 14h, ato público em frente à sede da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), em Santo Amaro.

PIAUÍ
8h – Concentração e ato público na Praça da Liberdade e também concentração (às 7h) em frente à Vida Nova Cidadão, de onde manifestantes sairão em caminhada pelo centro de Teresina.

PARANÁ
10H Concentração na Praça 19 de dezembro e caminhada até o palácio do governo. Estarão presentes professores, servidores municipais e estaduais, bancários, petroleiros e metalúrgicos.

RIO GRANDE DO NORTE
14h – concentração no Viaduto do Baldo e caminhada até o calçadão da João Pessoa, onde terá um ato público.

RIO DE JANEIRO
Manifestações da Cinelândia

SERGIPE
Mobilização no Distrito Industrial de Nossa Senhora do Socorro na parte da manhã; e, às 14h Marcha na Praça General Valadão até o Tribunal de Justiça, no centro de Aracaju.

TOCANTINS
Às 9h, ato público próximo ao Colégio São Francisco, Avenida JK, em Palmas.

Terra

http://noticias.terra.com.br/brasil/manifestacoes-devem-paralizar-sao-paulo-e-outros-estados,19a1143f914ab1cc492b099a472ab63ce80zRCRD.html

Venezualização?

5 de fevereiro de 2014

Embora possa parecer um problema restrito a Porto Alegre, é bastante sintomático o que se viu até agora na greve dos rodoviários.

Centrais adversárias levam a disputa de poder dentro de um sindicato ao desrespeito de um acordo firmado no âmbito do Judiciário. Partidos da extrema esquerda mobilizam e radicalizam os grevistas nos bastidores. O governo estadual representado pelo senhor Tarso Genro recusa o pedido da prefeitura municipal do uso da Brigada Militar para garantir a circulação dos ônibus que atenderiam à população que segue desassistida. Depredações, desobediência civil.

O quadro alarmante pode ser colocado ao lado do que se vê no restante do país.

O dinheiro jogado fora com despesas além da conta para fazer estádios. Manifestações contra a copa num país de fanáticos por futebol, o que seria difícil de imaginar alguns anos atrás.

A inflação crescente com evidentes sinais de descontrole. Sintomas de bolha de crédito. Descontrole de gastos com a péssima gestão das contas públicas. Déficit nominal. Carga tributária cada vez mais alta.

Eterna tentativa de controle do Congresso via cofres públicos e distribuição de cargos no executivo. Controle das eleições por meio dos bolsas-miséria.

O aumento descontrolado da violência nas regiões metropolitanas. Crise econômica gerando maior custo de vida e descontentamento individual. Esgotamento do modelo político e econômico. Cenário de instabilidade, radicalização e cada vez mais corrupção.

A lembrança das várias obras prometidas que não saíram do papel.

Os investimentos na infraestrutura carente que não foram feitos enquanto o país torra dinheiro no exterior com gastos absurdos em viagens oficiais e obras que nenhum retorno trarão, como o porto cubano.

Investidores externos fogem de um Brasil caro, corrupto, politicamente subdesenvolvido e ineficiente para produzir e crescer de verdade.

Pessimismo? Onde tudo isso irá parar?

Dilma Rousseff tentará resistir às pressões programadas para infernizar sua pretensão de reeleição amparada pelos estimados US$ 2 bilhões que o esquema já conseguiu arrecadar para torrar em 2014.

Será o tórrido verão prenúncio de um ano “quente” inverno adentro?

Quem viver verá.

O Velho Meneghetti

14 de maio de 2012

Jornalista Rogério Mendelski faz uma bela referência ao livro “Baile de Cobras – A Verdadeira História de Ildo Meneghetti” em sua coluna no Correio do Povo deste domingo, 13.05.2012.

 

A transcrição é a seguinte:

O Velho Meneghetti

Assim era tratado o ex-governador Ildo Meneghetti por todos os gaúchos que privaram com ele, especialmente depois que ele deixou o governo, em janeiro de 1967. “O velho Meneghetti”, quando era citado desta maneira, trazia uma entonação vocal como nós damos ao “velho”, quando nos referimos aos nossos pais. “O velho Oswaldo”, diria o colunista, “era um excelente cozinheiro e nunca estava com mau humor”. Pois o livro “Baile de Cobras”, escrito pelo seu neto Enio Meneghetti, lançado na última segunda-feira, é um perfil do ex-governador que os gaúchos estavam esperando já faz algum tempo. Não se trata de uma ode na qual o neto elogia o avô, mas de um depoimento pleno de fatos importantes da vida política do RS da metade do século passado. O que enriquece “Baile de Cobras” não é somente a farta documentação da época com reproduções dos jornais (destaque para os jornais da Caldas Júnior), mas os detalhes do dia a dia de um homem cuja simplicidade o fazia dirigir o próprio carro quando era prefeito, refletindo uma honestidade nata que, nos dias de hoje, poderia ser considerada de ingênua diante do oceano de patifarias e de roubalheiras que se tornaram “métodos” e “programas” de governo. Um pequeno trecho narrado logo no início do livro provoca no leitor aquela vontade de não parar mais de lê-lo. Prefeito de Porto Alegre em seu segundo mandato, Meneghetti inaugurou, ao lado do presidente Getúlio Vargas, um conjunto habitacional no bairro Sarandi. Após o ato, Meneghetti entregou a Getúlio um cheque. “O que é isso, Meneghetti?”, perguntou o presidente. “É o dinheiro que sobrou da construção das casas”, respondeu. E o presidente, então, não resistiu: “Ora, é a primeira vez que vejo sobrar dinheiro de obras públicas”. Meneghetti: “É que aqui nós aplicamos as verbas na obra mesmo…”.

 
Reclama ao Menega (1)


Como prefeito, Meneghetti dirigia o seu automóvel particular, um Nash Rambler. Na estrada para Belém Novo, na companhia do vereador Braga Gastal, foi apertado por um ônibus da então DATC, autarquia municipal. Meneghetti ultrapassou, “fechou” o coletivo e saiu advertindo o motorista: “Seu mal-educado, onde já se viu dirigir assim? Poderia ter causado um acidente”. “Olha aqui, velhinho, se não tá satisfeito, vai reclamar com o Menega”, retrucou o motorista. “Mas o Meneghetti sou eu!”. “Brincadeira tem hora, velhinho. Tira o carro da frente que eu quero passar”.

Reclama ao Menega (2)


O vereador Braga Gastal aproximou-se e mostrou ao motorista quem era o cidadão. Meneghetti tirou o chapéu, foi reconhecido pelo motorista que ficou branco de susto. O prefeito, então, deu-lhe uma ordem: “O senhor, por favor, apresente-se amanhã na prefeitura, às 10 h”. No dia seguinte, lá estava o motorista. Meneghetti, que já tinha esquecido o incidente, recebeu o funcionário, perguntou-lhe sobre sua família (“mulher e quatro filhos”, informou o motorista). “Menega abriu a carteira, tirou algumas notas de cruzeiros, e fez-lhe uma recomendação: “Dê este presente aos meninos que eu mando, mas nunca mais faça aquilo, está bem?”.