Foi liberado o teor de depoimento do “ou seja”, isto é, Lula. Aquele depoimento para o qual ele foi coercitivamente conduzido.
Impressiona o tom de deboche e ironia utilizados pelo depoente, especialmente a partir do momento que este percebeu que não estava conseguindo seduzir o delegado que o inquiria.
Lula, como sempre, abusou do cacoete de usar a expressão “ou seja”, que costuma empregar quando está enrolando. É lamentável que um ex-presidente possa expressar-se de maneira tão grosseira, baixa e mal educada como se constata na transcrição do documento. Recheada de palavrões, a peça é um deboche para quem tenha um mínimo de educação. Vou me abster de comentá-lo mais, eis que poderá ser lido por qualquer um que tenha estômago para tanto.
Os manifestos do último domingo foram um sucesso. Refiro-me àqueles que tiveram a adesão maciça e espontânea da população e não aos promovidos por militantes partidários. É importante fazer a distinção, porque houve uma vergonhosa tentativa de parte de parcela da mídia comprometida de querer comparar um Boeing 747 Jumbo a um vetusto Fiat 147. Sim, esta seria a proporção que definiria a diferença entre os atos promovidos pelos defensores do governo petista e as cerca de quatro milhões de pessoas que foram às ruas manifestar-se pelo impeachment de Dilma Rousseff, que pediram a prisão de Lula, que bradaram contra o PT, contra o mar de corrupção e o descalabro governamental. O povo deu um show.
Pasmo e boquiaberto, o governo viu a quantidade impressionante de pessoas que é capaz de mobilizar. Na condição de adversários, é claro.
Embora dona Dilma tenha “elogiado” a civilidade dos eventos, logo a turma do Palácio do Planalto fará o jogo na surdina, na penumbra dos salões acarpetados do poder que julgam supremo. Seja cooptando apoios ou nos conhecidos embargos auriculares dirigidos a canetas poderosas que possam retardar o inevitável desfecho. O governo acabou. Cada dia mais no poder, será um dia mais de atraso para o país retomar o rumo minimamente razoável para sair do atoleiro. O atual governo nada mais fará do que usar todos os meios disponíveis a seu alcance na tentativa de salvar-se da queda e – para muitos de seus companheiros – dos tribunais criminais.
Para aumentar o pavor de Lula e do governo, a juíza de São Paulo que analisaria a denúncia e o pedido de prisão preventiva do ex-presidente, encaminhou o processo para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba.
Além disso, Sérgio Moro cobrou um prazo de cinco dias para que Lula explique porque usa um cofre do Banco do Brasil para guardar jóias e obras de arte recebidas durante o exercício da Presidência. Está sendo feita a verificação se algum dos itens é anterior a seu período, além do levantamento de bens excluídos – por critério legal – do acervo privado dos presidentes “documentos bibliográficos e museológicos recebidos em cerimônias de troca de presentes, audiências com chefes de Estado e de Governo em visitas oficiais ou viagens de Estado ao exterior.”
No momento em que este texto está sendo escrito, há grande expectativa de que Dilma cometa o absurdo de nomear Lula como ministro encarregado da Secretaria de Governo, hoje ocupada por Ricardo Berzoini. A manobra garantiria o foro privilegiado a Lula e possibilitaria que ele consiga escapar por algum tempo de Sergio Moro, passando à alçada do STF.
Não custa lembrar que Sérgio Moro foi o grande homenageado dos protestos realizados no domingo. Se a nomeação Lula ministro acontecer, a indignação e a ira populares serão imprevisíveis. A oposição imediatamente deverá entrar com ações populares e a solução virará um enorme problema.
Lembramos que o primeiro artigo do corrente ano publicado neste espaço teve como título “Emoções Garantidas”.
Ou seja, elas estão vindo. Não chegaram ainda, embora pareça que sim.
(publicado no Jornal Correio de Cachoeirinha, edição de 16.03.2016)
Enio Meneghetti
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This entry was posted on 17 de março de 2016 at 14:32 and is filed under Administração Pública, Corrupção, Curiosidades, Demagogia, Gastos Públicos, Governo Federal, História, Impeachment, Legislação, Marketing, Politica. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
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