Que a administração da saúde vai mal não é novidade e todos sabem. Filas nos postos, queixas pela demora no atendimento e por aí vai. Já tivemos até morte de Secretário Municipal cujas motivações até hoje não foram bem esclarecidas.
É um tema para especialistas. Mas não é preciso ser um para espantar-se ao ver a forma simplista como alguns acham que resolveriam o problema: aumentando impostos.
Já chegou até a ser criado um imposto específico, o famigerado imposto sobre os cheques, sugerido no século XX pelo então ministro Adib Jatene. Mais presentemente, a proposta foi reapresentada pelo atual governo algumas vezes e rejeitada, mesmo tendo o marketing governamental, mal intencionado, tentado trocar seu nome. Falo da famigerada CPMF – em sua denominação mais recente. Quando existia, não resolveu nada. O dinheiro caiu na vala comum e foi consumido no ralo do desperdício tendo outros destinos que não a saúde.
E agora, leio nos jornais que o governador Tarso Genro, que elegeu-se jurando que não aumentaria impostos, propor que o Governo Federal o faça: “viabilizar a criação ou elevação de tributos que suplantem a nova* demanda” * (grifo meu).
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É uma forma original de quebrar promessas. Pedir que outros as quebrem por ele.
Se a saúde é uma prioridade, e todos sabemos que é, não é escorchando o bolso da população que o problema será resolvido. O Brasil – e o Rio Grande do Sul não é excessão – vem batendo recordes sucessivos de arrecadação. Tem é que gerir com parcimônia e competência esses recursos. Direcionar, conforme a legislação determina, para Saúde, Educação e Segurança as verbas que lhe cabem e até mais. Se apenas cumprirem a lei a situação já melhoraria muito. E tem de parar de jogar dinheiro fora em benesses partidárias, aquisição de apoios em troca de Ministérios e Secretarias. Alguém acha que eles não sabem disso?
Sabem muito bem, quem não sabe é quem vota neles a cada eleição.A hora em que o povo parar para refletir sobre isso, o problema acaba. Porque esses caras não vão resolvê-lo nunca. Porque não querem.
Segue a matéria – clicrbs/jornal zero hora/ Desafio no Estado09/12/2011 | 04h44
Rio Grande do Sul propõe elevar impostos federais para cumprir os investimentos na saúde
Governo Tarso Genro defenderá a elevação de tributos já existentes e que financiem os custos com o setor
Carlos Rollsingcarlos.rollsing@zerohora.com.br
Sem dinheiro para investir 12% da receita líquida em saúde, o governo Tarso Genro defenderá a elevação de tributos federais já existentes e que financiem os custos com o setor.
Com a regulamentação da Emenda 29 pelo Senado, na quarta-feira à noite, o governo gaúcho terá de lutar para cumprir mais uma norma constitucional hoje desrespeitada, assim como o piso nacional do magistério e o investimento de 35% do orçamento em educação.
Desde 2000, ano da aprovação da Emenda 29, nenhum governo conseguiu aplicar 12% no setor. O índice era inflado com a inclusão de outros tipos de gasto, como saneamento. A regulamentação ocorre em um momento em que o Piratini faz uma consulta pela internet, perguntando à população como melhorar a saúde.
— Há uma necessidade de bilhões de reais para todo o país. Só uma pactuação nacional em cima de novas fontes pode resolver o problema — diz o secretário do Planejamento, João Motta.
Pressionado por um abismo de R$ 945 milhões que irá separar o Estado dos 12% de investimentos em saúde em 2012, o governador Tarso Genro, assegura Motta, assumirá papel de protagonismo nas negociações com a presidente Dilma Rousseff para viabilizar a criação ou elevação de tributos que suplantem a nova demanda.