Posts Tagged ‘João Vaccari Neto’

Comprovada na CPI a mentira do tesoureiro do PT João Vaccari

24 de abril de 2015

Em seu depoimento ontem a CPI da Petrobrás, o executivo da Toyo Setal,  Augusto Mendonça Neto, ajudou a comprovar uma mentira do ex tesoureiro do PT, atualmente preso, João Vaccari Neto.

Vaccari vinha sustentando que exercera o cargo que Tesoureiro do PT somente a partir do ano de 2010, época em que, segundo ele, só teriam ocorrido doações “legais” ao partido.  Ele sempre negou ter arrecadado recursos para o PT antes deste período. O deputado Onyx Lorenzoni já o havia inquirido sobre este ponto específico quando o ex tesoureiro depôs na CPI, semanas atrás, antes de ser preso.

Ontem, o executivo Augusto Mendonça Neto revelou que Renato Duque orientou-lhe que procurasse por Vaccari em 2008, no período em que ele nega ter sido tesoureiro do partido, na sede do PT em São Paulo, para fazer doações eleitorais.

Em 2008 ele era agente de propina. Ele era assaltante da Petrobras. E foi nessa condição que o senhor falou com ele – concluiu o deputado Onyx.

O executivo da Toyo Setal confirmou a mentira de Vaccari.

Ao sustentar que era tesoureiro somente a partir de 2010, João Vaccari Neto esqueceu que em 2008 Renato Duque, ex diretor da estatal e atualmente também preso, orientou Mendonça Neto a procurá-lo no diretório do PT em SP para saber como ele deveria fazer para operacionalizar para repassar ao PT parte do dinheiro desviado nos contratos da Petrobrás.

Veja aqui a inquirição do deputado Onyx a Augusto Mendonça Neto: 

 

 

E aqui o depoimento de João Vaccari, antes de ser preso.

Ontem, Alberto Yousseff detonou. Lava Jato reúne provas contra João Vaccari Neto.

2 de abril de 2015
O doleiro Alberto Youssef prestou novo depoimento ontem e detonou de vez o tesoureiro petista João Vaccari Neto.
O pavor nas hostes petistas é o pedido de prisão preventiva do tesoureiro. Bastante previsível, de acordo com o exame da documentação apresentada a seguir.
Alberto Youssef fez afirmações novas e inéditas.  Entre estas, disse que as empresas Odebrecht e Braskem depositavam as propinas relativas ao esquema de corrupção da Petrobras no exterior.
Também contou como entregou, a pedido de fornecedoras da estatal, propina em dinheiro no seu escritório, na Zona Sul de São Paulo, e na porta do prédio do Diretório do PT, em São Paulo:

“Eu usei uma das empresas do Waldomiro Oliveira (laranja de Youssef, titular da empresa Rigidez) para fazer uma operação para a Toshiba (…). Foram dois valores de R$ 400 e poucos mil que foram entregues, a mando de Toshiba, ao tesoureiro João Vaccari”.

 

“Reconheço meu erro. Resolvi fazer colaboração espontaneamente e retificar outros depoimentos. Eu era meramente engrenagem desse processo todo, tinha o poder público por trás disso tudo. Estou pagando que que fiz. Já estou preso há mais de um ano e não sei por quanto tempo ainda ficarei preso, mas infelizmente acabei de me envolvendo mais uma vez num escândalo”.

Youssef deu ainda os nomes dos diretores da Odebrecht que autorizavam as operações do doleiro no exterior:

“Era o senhor Márcio Faria, presidente da Odebrecht Óleo e Gás, o Cesar Rocha que era diretor financeiro da holding. Pela Brasken, que é do mesmo grupo, o contato era o Alexandrino”.

Youssef revelou que a primeira parcela da propina foi retirada pela cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, senhora Marice Correa de Lima, no escritório dele.

O restante foi entregue na porta do prédio do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, por Rafael Ângulo Lopez – o mesmo que possibilitou ampla reportagem de Veja, refazendo a rota da propina.

Ângulo entregou o dinheiro na porta do PT a um representante da Toshiba, que repassaria o dinheiro a Vaccari.

O Blog de Fausto Macedo, no Estadão,  apresentou alguns dos documentos relativos às novas revelações de Youssef.
No depoimento de ontem, Youssef explicou como a Rigidez foi usada para esquentar o dinheiro destinado ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, a pedido do executivo da Toshiba, José Alberto Piva Campana.
No material, que faz parte do inquérito aberto em janeiro tendo como alvo o negócio da Toshiba, há três notas fiscais emitidas pela Empreiteira Rigidez contra a Toshiba, totalizando R$ 1.494.318,42.
As notas de número 16, 22 e 24 foram emitidas nos dias 9 e 24 de abril e no dia 15 de maio, de 20123. Todas no valor de R$ 498.106,14.
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material sobre Toshiba e Rogidez no relatório da PF
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Cópia de uma das notas fiscais de pagamento da Toshiba para empresa de fachada de Youssef

Há ainda cinco folhas de uma proposta de contrato da Rigidez para a Toshiba com valor final de contrato de R$ 2.088.310.

O material foi encontrado nas buscas que a Polícia Federal fez na Arbor Contábil, empresa da contadora do doleiro, em São Paulo, em abril do ano passado e fazem parte do inquérito aberto para apurar o caso da Toshiba.

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Proposta de contrato entre Toshiba e empresa de laranja de Youssef

No local, foram obtidas ainda cópias de dois e-mails trocados entre outro executivo da Toshiba, Rubens Takimi Nomada, e Waldomiro Oliveira – laranja de Youssef na empresa Empreiteira Rigidez.

No primeiro e-mail o executivo pede proposta de contratação e a minuta do contrato para “prestação de serviços para o projeto Comperj Substações Unitárias”.

No segundo e-mail, o executivo solicita a revisão da proposta e lembra que é preciso reconhecer a firma no contrato.

 

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Email pedindo retificação e reconhecimento da firma no contrato frio.

No depoimento prestado ontem, Youssef detalhou a logística da entrega dos R$ 400 mil na porta do PT, em São Paulo, a pedido de Piva.

“O valor do PT foi negociado com João Vaccari, que na época representava o PT nos recebimentos oriundos dos contratos com a Petrobrás”, explicou.

Segundo Youssef, a contratação da Toshiba para as obras da Casa de Força, do Comperj, entre 2009 e 2010, correu o risco de ser desclassificada.  Foi quando ele, Youssef e o Paulo Roberto Costa foram acionados  para resolver o problema. O contrato era de aproximadamente R$ 130 milhões, que,  com descontos, baixou para R$ 117 milhões.

Foi Piva que pediu para usar uma de suas empresas de fachada – a Rigidez – “para fazer o repasse ao PT e ao PP”.

Na dia da entrega na sede do PT, Youssef afirmou que “Piva informou que almoçaria com João Vaccari e ali aproveitaria para fazer a entrega de parte do restante destinado ao PT”.

Yosseff disse que o executivo da Toshiba dias antes havia ido até seu escritório “mas ficou temeroso de sair com uma quantia alta e marcou uma segunda oportunidade para receber os valores e de imediato já entregar a Vaccari”.

Foi Rafael Ângulo Lopes – o mesmo que possibilitou excelente matéria de Veja desta semana pgs 46 a 49 refazendo a rota da propina – que levou a quantia, segundo afirmou o delator.

Ele diz ter pedido a Ângulo para levar a quantia em um restaurante indicado por Piva, que fica perto da Avenida Paulista e ali lhe entregar uma sacola lacrada com os valores devidos.

No dia 3 de fevereiro, porém, perante a delegada da Polícia Federal Erika Mialik Marena e os procuradores da República Carlos Fernando Santos Lima e Januário Palludo, o doleiro prestou depoimento complementar no âmbito da delação premiada que firmou. Na ocasião, foi indagado a dar mais detalhes sobre “as operações financeiras em que destinou valores para João Vaccari Neto”.

Youssef disse que “posteriormente tomou conhecimento que no meio do caminho Rafael foi orientado a entregar o dinheiro diretamente na sede do PT em São Paulo, tendo entregue os valores na porta da sede do partido para Piva, que lá se encontrava”.

O entregador, Rafael Ângulo Lopez, é uma figura com “memória fotográfica”. Segundo Veja, os procuradores que o interrogaram nas últimas semanas, recolheram “farto material probatório”.

Segundo a ampla reportagem de Veja,  Rafael Ângulo Lopez narrou aos investigadores que, por determinação de Youssef, acompanhou o executivo José Alberto Piva Campana, da Toshiba Infraestrutura, em duas entregas de dinheiro ilegal na sede do PT em São Paulo.

Nas duas ocasiões, o dinheiro, acomodado em malas de viagem, deixou o escritório do doleiro em um Porsche Cayenne blindado.

Ângulo dirigiu o carro até a sede do PT. Parou o veículo na porta e coube ao executivo fazer a entrega. Para conferir credibilidade ao relato, os investigadores imprimiram um mapa do trajeto e Ângulo descreveu cada esquina do percurso, a situação climática no dia das entregas, chegando a reproduzir a conversa travada com o executivo até o destino.

Ângulo também cumpria missões para o clube das empreiteiras e, além da memória fotográfica, mantinha em uma planilha de computador os contatos que fazia em sua rotina de “homem mala”.

Rafael Ângulo Lopez fechou acordo de delação premiada.

http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/investigadores-da-lava-jato-reconstituem-a-rota-do-money-delivery/

O QUE DIZEM  AS DEFESAS

Como sempre, Vaccari nega tudo. Por meio de seu advogado, o criminalista Luiz Flávio Borges D’Urso, repudia taxativamente as acusações. D’Urso tem reiterado que o tesoureiro só arrecadou quantias declaradas à Justiça eleitoral. O criminalista rechaça o valor dos depoimentos prestados em regime de delação premiada. Segundo D’Urso, os delatores “não dizem a verdade”.

Em nota, afirmou que “nega veementemente que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro por parte do senhor Alberto Youssef ou de seus representantes”:

“em fevereiro, Youssef afirmou que uma suposta entrega do dinheiro teria sido feita em um restaurante em São Paulo. No depoimento de hoje, se contradiz e afirma que foi na frente da sede do PT. Youssef também afirma que um funcionário dele teria entregue o dinheiro a um representante da empresa Toshiba, e não diretamente a Vaccari ou a outro representante do PT. A Toshiba nega veementemente que algum dos seus funcionários tenha repassado recursos para representantes do PT”.

“A afirmação de Youssef causa ainda mais estranheza porque sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto. Essa Secretaria de Finanças reitera que todas as doações que o Partido dos Trabalhadores recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça”.
As empreiteiras, da mesma forma, negam tudo também.“A Odebrecht e seus integrantes negam as alegações caluniosas feitas por doleiro réu confesso em investigação em curso na Justiça Federal do Estado do Paraná. A Odebrecht nega a existência de qualquer irregularidade nos contratos firmados com a Petrobras, todos conquistados de acordo com a lei de licitações públicas.”

“A Andrade Gutierrez nega que tenha mantido qualquer tipo de contato com o Sr. Alberto Youssef. Vale ressaltar, inclusive, que, em depoimentos anteriores, o Sr. Alberto Youssef já havia deixado claro que não tratava de qualquer assunto com a Andrade Gutierrez e seus executivos. A Andrade Gutierrez reitera, como tem feito desde o início da Operação Lava Jato, que não tem ou teve qualquer envolvimento com os fatos relacionados com as investigações em curso. “

Acesse aqui a portaria do inqúerito da Toshiba.

Graça Foster quinta-feira na CPI

24 de março de 2015

Quinta-feira a CPI da Petrobras deverá ouvir Graça Foster.

O depoimento agendado era o de Julio Faerman, representante da holandesa SBM Offshore. Mas ele está fora do país e  não foi localizado.

A solução inicial do presidente da CPI, Hugo Motta era chamar o ex-diretor Paulo Roberto Costa, um dos delatores do petrolão, para falar no lugar de Faerman. Mas Costa já tinha um depoimento marcado na Justiça Federal na mesma data.

 

Em reunião deliberativa os líderes partidários fecharam acordo para aprovar mais de 100 requerimentos na tarde desta terça-feira. Entre eles, está o que convoca o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Em princípio, Vaccari seria ouvido em abril.

Recém começa o calvário do PT no Petrolão

19 de março de 2015

 

RENATO DUQUE:    

Com o depoimento de Renato Duque à CPI da Petrobrás nesta quinta feira, o PT começa a tremer na base.

Mesmo que Duque se recuse a dizer muito em seu depoimento de hoje na CPI da Petrobrás, há fartura de provas contra ele.

Desde testemunhais até pilhas de documentos apreendidos em um cômodo secreto em sua casa.

Sem falar no flagra da transferência de 70 milhões de euros da Suiça para Mônaco. Sua situação ficou delicadíssima, a ponto de, agora, dificilmente outro pedido do padrinho para soltá-lo surtirá efeito.

JOÃO VACCARI NETO:

Situação igualmente delicada, é a de João Vaccari Neto, Tesoureiro do PT.

Já indiciado, o governo e o próprio PT pressionaram o tesoureiro a deixar o cargo. Ele se recusou. Mas em off,  dirigentes do partido confidenciam que sua situação é insustentável.

Vaccari foi apontado pelo doleiro Alberto Youssef, por Paulo Roberto Costa e por Pedro Barusco como responsável por receber a propina em nome do PT.

Barusco afirmou que o petista recebeu aproximadamente 50 milhões de dólares desviados entre 2003 e 20013. 

João Vaccari Neto é alvo preferencial.

JOSÉ DIRCEU:

José Dirceu é outro que está com sua situação complicada. Atualmente em prisão domiciliar, o ex Chefe da Casa Civil de Lula recebeu através de sua empresa JD Consultoria, cerca de R$ 1,5 milhão da JAMP Engenheiros Associados, de Milton Pascowitch. Foram dois pagamentos, nos anos de 2011 e 2012.

Gerson Almada, vice presidente da Engevix e um dos empreiteiros que permanecem presos, revelou que pagava entre 0,5 a 1% para Pascovitch gerenciar seu relacionamento com o PT e para obter bom trânsito de seus contratos na Petrobrás.

Veja aos 20 minutos em diante, o vídeo a seguir:

 

MILTON PASCOWITCH:

Milton Pascowitch foi apontado como operador financeiro da Engevix, responsável por transferências pela offshore MPJ International Group, nos Estados Unidos para a conta Aquarius, de Pedro Barusco.

A JAMP de Milton Pascowitch efetuou dois pagamentos para a consultoria de José Dirceu, em 2011 e 2012 e estão nos relatórios de Receita Federal que fazem parte do inquérito que apura a participação de Dirceu na Lava Jato.

 

Agora, o que pode ser o Fiat Elba de Dilma foi revelado pela Folha de São Paulo

(texto da Folha SP, grifos do blog):

“Um documento entregue a investigadores holandeses fortalece o depoimento do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco de que a campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 recebeu US$ 300 mil da empresa SBM Offshore, acusada de pagar propina para obter contratos no Brasil.

No dia 7 de setembro de 2010, a menos de um mês do primeiro turno eleitoral, a SBM, com sede na Holanda, assinou um “adendo” de duas páginas ao contrato que mantinha desde 1999 com o brasileiro Júlio Faerman, então representante da firma no país.

Ele é apontado como distribuidor de propinas em troca de vantagem na Petrobras.

Esse aditivo, entregue pela SBM ao Ministério Público holandês, estipula a parcela única de US$ 311,5 mil a ser paga à Faercom Energia Ltda, empresa de Faerman, que assina como diretor

(acesse o documento ).

Segundo os papéis, o valor se refere a “certos serviços adicionais” relacionados ao projeto da plataforma da Petrobras no campo de Cachalote, no litoral sul do Espírito Santo, tocado pela holandesa.

A SBM informou às autoridades que transferiu o dinheiro no dia 5 de novembro daquele ano para uma conta no banco Safra, na Suíça, em nome da empresa Bien Faire, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, paraíso fiscal.

A companhia é uma das seis controladas por Faerman em paraísos fiscais e que foram usadas para operações de repasse de propina a funcionários da Petrobras, segundo investigações internas da SBM e de autoridades holandesas.

A SBM Offshore diz ter pago US$139 milhões a Faerman pelos serviços prestados até o ano de 2012. Ao todo, os contratos da empresa, ligados a oito plataformas da Petrobrás, somam US$ 27 bilhões.

O lobista recebia de 3% a 10% de comissão da SBM em cima dos contratos.  

A CGU (Controladoria-Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União) também abriram apuração e encontraram indícios de irregularidades.

(…)

Na delação ao Ministério Público, Barusco afirmou que o ex-diretor Renato Duque “solicitou ao representante da SBM, Júlio Faerman, a quantia de US$ 300 mil a título de reforço de campanha durante as eleições de 2010”.

Na terça feira (10), o ex-gerente deu a mesma versão à CPI da Petrobrás: “Em 2010, foi solicitado à SBM um patrocínio de campanha, mas não foi dado por eles diretamente. Eu recebi o dinheiro e repassei (…) para o Vaccari.” 

A legislação eleitoral brasileira proíbe que empresas estrangeiras doem dinheiro para campanhas eleitorais.

A pena é a cassação do mandato.

 É mole?

E a dona Dilma vai a TV nesta quarta feira apresentar pacote contra a corrupção.

Faça-me o favor!

 

http://www.eniomeneghetti.com

 

A corrupção em escala industrial na Petrobrás

12 de março de 2015

“Ninguém tirará do lulopetismo a primazia de ter feito um assalto amplo e bem organizado à estatal, inclusive com o toque requintado de converter propina em doação formalmente legal a partido e candidatos.”

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Editorial de O Globo 12.03.2015

“Não causou o impacto do depoimento do marqueteiro de Lula, Duda Mendonça, na CPI dos Correios, em agosto de 2005, em que ele, ao dizer que recebera do PT em uma conta em paraíso fiscal, confirmou que o partido transacionava com dinheiro sujo no exterior.

Ainda assim, a ida do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, personagem de primeira grandeza no petrolão, à CPI da Petrobras, terça, teve peso equivalente, considerando-se as peculiaridades de cada momento.

Àquela altura de 2005, o escândalo do mensalão mal acabara de ganhar vida própria a partir da entrevista de denúncia concedida à “Folha de S.Paulo” pelo então deputado petebista fluminense Roberto Jefferson.

A ideia de o PT ser um partido com velhos e distorcidos costumes da política brasileira já não era inconcebível, mas comprovadamente fazer traficância financeira pelas Bahamas foi uma novidade.

Do Duda Mendonça de 2005 ao Barusco de 2015, pode-se dizer que o PT de oposição, pré-2002, desapareceu. Nada do que surge no petrolão surpreende. Porém, o depoimento de Barusco serviu para demonstrar como o esquema de corrupção montado na maior estatal do país sob as bênçãos do lulopetismo, em sociedade com os aliados PMDB e PP, foi uma roubalheira em escala industrial.

Petistas com assento na CPI — o relator Luiz Sérgio (RJ), Afonso Florence (BA) e Maria do Rosário (RS) — tentaram fazer com que Barusco, confesso corrupto desde 1997, testemunhasse que havia esquema de mesma dimensão já no governo FH. Não conseguiram.

O testemunho do ex-gerente, do alto dos US$ 97 milhões que conseguiu surrupiar da estatal, foi que, a partir do início do governo Lula, cobrança e recebimento de propinas se institucionalizaram. Antes, eram artesanais, individualizadas. Depois, ficaram sistêmicas.

Com a tranquilidade de quem contava uma viagem de férias, Pedro Barusco relatou negociatas feitas na diretoria de Renato Duque, da área de Serviços, a quem era subordinado, e nome indicado pelo PT.

Barusco mantinha contato com o operador do PT no esquema, João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, para quem, o ex-gerente estima, devem ter sido canalizados entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões provenientes de propinas geradas pelo superfaturamento de contratos firmados entre o “clube de empreiteiras” e a estatal. Ou seja, dinheiro público desviado. A base da estimativa de Barusco é realista: o próprio roubo.

Cabe frisar: o depoimento de Pedro Barusco, um dos que fizeram delação premiada, não aponta o PT como inventor da corrupção na Petrobras. São conhecidas histórias de desfalques na estatal em vários governos, inclusive no dos tucanos.

Mas ninguém tirará do lulopetismo a primazia de ter feito um assalto amplo e bem organizado à estatal, inclusive com o toque requintado de converter propina em doação formalmente legal a partido e candidatos.”

Grifos do blog.

http://www.eniomeneghetti

Delator na CPI: detalhamento da patifaria institucionalizada

10 de março de 2015

Pedro Barusco

Pedro Barusco, ex gerente da Petrobrás que comprometeu-se a devolver 97 milhões de dólares para ter direito à delação premiada, afirma em depoimento a CPI da Petrobrás que a corrupção na estatal foi “institucionalizada” a partir de 2003 ou 2004, já no governo Lula, conforme já havia feito em seu acordo de delação.

O depoimento de mais de sete horas acabou há pouco, às 16:40.

O relator da CPI, o petista Luiz Sérgio (PT-RJ), foi o primeiro a fazer perguntas e quis saber quando o esquema mais amplo de corrupção se instalou: “A forma mais ampla, em contato com outras pessoas da Petrobras, de uma forma mais institucionalizada, foi a partir de 2003, 2004. Não sei precisar exatamente a data, mas foi a partir dali”, afirmou o ex-gerente.

Pedro Barusco disse que “praticamente” toda a propina que recebeu foi paga no exterior, em contas na Suíça. Ele afirmou que não tem detalhes de com o dinheiro era repassado a Vaccari (João Vaccari Neto – tesoureiro do PT) http://veja.abril.com.br/infograficos/rede-escandalos/perfil/joao-vaccari-neto.shtml. “Eu recebia só para mim e para o Renato Duque”. O ex-gerente reafirmou, entretanto, que havia até mesmo uma “prestação de contas” na divisão da propina. Ele contou aos parlamentares que fazia o controle dos pagamentos por meio de planilhas e que, periodicamente, em um período de dois a quatro meses, havia um acerto de contas com os operadores do esquema. “O mecanismo envolvia o representante da empresa, eu , o diretor Duque e João Vaccari. São os protagonistas”, resumiu.

O delator deixou claro que a participação de Vaccari não era por conta própria, mas sim em nome do partido. “O rótulo era PT”, explicou, acrescentando que o tesoureiro petista também esteve à frente do recebimento de comissões em obras do Gasene, uma rede gasoduto construída entre Rio de Janeiro de Bahia. As obras foram questionadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “Eu sei que a propina foi destinada a mim, ao Duque e à parte relativa ao PT. A gente sempre combinava esse tipo de assunto com o Vaccari. Ele era o responsável”, disse o ex-gerente da Petrobras.

Barusco também disse que o PMDB se beneficiou dos desvios na Diretoria de Abastecimento, sob comando de Paulo Roberto Costa, e que a Diretoria de Serviços era da cota do PT. “A divisão da propina, até onde eu sabia, iria para o PP e, mais recentemente o PMDB no caso do diretor Paulo Roberto Costa. E no caso do diretor Renato Duque atendia ao PT. É isso que eu sabia e que eu vivenciava”, afirmou.

Sete Brasil
Quando se aposentou, aos 55 anos de idade, Barusco assumiu o cargo de diretor operacional da Sete Brasil, empresa dedicada ao aluguel de sondas para a exploração do pré-sal e que é fruto de uma sociedade da Petrobras com empresas privadas, como BTG, Santander e Bradesco, e fundos de pensão. Barusco admitiu que a Sete cobrava 1% de propina sobre os contratos, que somam 22 bilhões de reais (BILHÕES!!!). O ex-diretor disse que seu cargo era da cota de indicação da Petrobras, sob responsabildade do então presidente José Sérgio Gabrielli. “Quem me indiciou foi a Petrobras. Quem foi a pessoa que defendeu a minha colocação eu acho que foi o Renato Duque e o presidente Gabrielli”, afirmou.

“Sobre a divisão [de propina] da Sete, como tinha o Vaccari e outras pessoas envolvidas, houve uma divisão prática: um estaleiro pagava a mim e ao Duque, outro pagava ao Vaccari, e assim seguia, porque senão ficava uma movimentação financeira cruzada muito complexa”, explicou.

O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) questionou a forma como a Sete Brasil foi criada. “É carta marcada. O senhor chega lá colocado do nada, a empresa nasce do nada e ela de repente tem 22 bilhões para roubar?”, disse.

SBM
Pedro Barusco também confirmou que Renato Duque pediu à holandesa SBM um pagamento de 300 000 dólares para a campanha de Dilma Rousseff à Presidência de 2010. Embora diga não ter tratado diretamente de indicações políticas com os diretores, ele disse ainda que, internamente, “havia rumores de que o PT através do José Dirceu teria indicado Renato Duque e que o PP, através do deputado José Janene, havia indicado o Paulo Roberto”.

Por Reinaldo Azevedo – Veja.com