Depois de quase 20 dias fora do país, a primeira notícia que leio ao desembarcar, foi que entre 2010 e 2011, a Construtora Camargo Corrêa pagou R$ 886 mil por uma consultoria à empresa do hoje apenado José Dirceu, um dos condenados pelo mensalão.
Entre outros, um dos itens para os quais a empresa precisou dos conselhos de José Dirceu, foi receber uma “análise dos aspectos sociológicos e políticos do Brasil”.
Que azar de ambos! No mesmo mês de abril de 2011, em que topou pagar pelos conselhos do “mago Dirceu”, a construtora celebrou contratos com a Petrobras para prestar serviços na refinaria pernambucana de Abreu e Lima no valor de R$ 4,7 bilhões.
Chamo de azar, porque sempre poderá surgir um mal intencionado que relacione a contratação de Dirceu com a assinatura de tais contratos com a Petrobrás. Imagine!
Pois bem, como a vida não para, no sábado 13 de dezembro, Moçambique vai inaugurar seu novo aeroporto. Obra financiada com R$ 144 milhões do BNDES brasileiro.
A construção é da Odebrecht e o projeto é do Escritório Fernandes Arquitetos Associados, o mesmo que projetou o novo Maracanã.
Pergunta-se: como foi a autorização do Congresso brasileiro para o investimento em Moçambique, conforme dispõe o artigo 49, item 1, da Constituição federal para investimentos do governo brasileiro no exterior?
Enquanto esta pergunta fica sem resposta, a reportagem de capa da revista IstoÉ, menciona a existência de um “esquema” para tentar arrefecer os efeitos da operação Lava Jato.
A publicação menciona que que Rodrigo Janot teria se reunido com empreiteiras e teria proposto um plano para impedir que Planalto fosse investigado no escândalo. De acordo com a revista Isto É, pelo tal acordo, as empreiteiras admitiriam alguns crimes, e em troca poderiam continuar realizando obras públicas e seus executivos cumpririam pena em regime domiciliar.
O Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, negou que tivesse proposto qualquer acordo. Em nota oficial disse:
“Em respeito à função institucional de defender a sociedade e combater o crime e a corrupção, o Ministério Público Federal cumprirá seu dever constitucional e conduzirá a apuração nos termos da lei, com o rigor necessário. O procurador-geral da República não permitirá que prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros desta instituição”.
Segue: “ (…) a investigação revelou a ocorrência de graves ilícitos envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e outros agentes que concorreram para os delitos, o que já possibilitou ao Ministério Público Federal adotar as primeiras medidas judiciais. A utilização do instrumento da colaboração premiada tem permitido conferir agilidade e eficiência à coleta de provas, de modo a elucidar todo o esquema criminoso” .
Pelo andar da carruagem, as denúncias do MPF à Justiça não devem passar de meados de fevereiro de 2015.
É aí o momento em que será dado o tom. Vamos ver quem será denunciado e qual será o teor da peça acusatória. Espero não sentir saudades de Roberto Gurgel.
Se ficar evidenciado que a corrupção financiou campanhas, a coisa poderá ficar bem complicada…
Até lá, teremos que ficar na expectativa.
Enio Meneghetti
Tags: corrupção, José Dirceu, Operação Lava Jato, Petrobrás, Petrolão, porto Moçambique, Rodrigo Janot
Deixe um comentário