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Pizzolato – Homem bomba?

20 de fevereiro de 2015

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Neste momento, certamente muitos petistas estão com as barbas de molho.

Depois da decisão da Corte de Cassação em Roma, concordando com a extradição do ítalo brasileiro Henrique Pizzolato, condenado na Ação Penal 470, o caso do Mensalão, a decisão na Itália agora é política. Caberá ao governo italiano referendar ou não a decisão judicial.

A dúvida é: a Itália fará como Lula e Tarso Genro, que acolheram Cèsare Battisti no Brasil, um terrorista condenado na Itália em devido processo legal, ou devolverá Henrique Pizzolato?

São casos bem distintos. Embora a semelhança de ambos terem entrado ilegalmente nos dois países, Pizzolato é cidadão ítalo brasileiro. Battisti não tem nenhum vínculo com o Brasil que pudesse garantir sua presença aqui.

Mesmo assim, na ocasião do acolhimento de Battisti, Tarso Genro chegou ao cúmulo de criticar a justiça italiana pelo processo que resultou na condenação por quatro homicídios do terrorista. Um caso raro, onde um ex-advogado trabalhista, ministro de outro país, toma ares de corte revisora da justiça italiana. E Lula concordou com a permanência do terrorista condenado na Itália, aqui defendido pelo companheiro advogado Luiz Henrique Greenhald.

O que garantiu maior repercussão ao caso Pizzolato na imprensa italiana foi o fato de ele ter usado documentação do irmão falecido para entrar na Comunidade Europeia.  Fez “mala figura”,  numa expressão usada pelos italianos para referir-se a uma situação vergonhosa. Para muitos italianos, mais condenável até no aspecto moral do que no jurídico: mexer com os mortos!

Abandonado pelo PT desde seu primeiro depoimento na CPI dos Correios lá no distante ano de 2005, Henrique Pizzolato caiu em desgraça ao afirmar a CPI dos Correios que liberou, como diretor de marketing do Banco do Brasil, o pagamento antecipado de uma fatura a uma das empresas de Marcos Valério por “ordem de Luiz Gushkein”, o então Ministro de Comunicações e homem de confiança de Lula. Ali selou seu destino, mesmo que, em depoimentos posteriores, tenha desmentido a afirmação.

Aprovado em um concurso para escriturário do Banco do Brasil nos anos 70, Pizzolato começou carreira como sindicalista no Rio Grande do Sul. Designado para trabalhar em Porto Alegre, passou a estudar arquitetura na Unisinos, em São Leopoldo, cidade onde passou a residir.

Envolvido no movimento sindical,  passou a se destacar. Pediu transferência para o interior do Paraná. Lá concorreu a prefeito de sua cidade e até a governador do estado, em uma eleição impossível. Fez votação irrisória em ambas.

Mesmo assim, teve o apoio da classe e foi escolhido pelos funcionários do banco como seu representante no Conselho de Administração da instituição, passando instantaneamente do salário de escriturário para o de diretor. Sempre escolhido pelos colegas, passou a ter assento no órgão de previdência do BB. Posição na qual passou a ter contato com a nata financeira e empresarial do país.

Com o relacionamento e experiência obtidos, engajou-se na campanha de Lula, onde, diz-se, teve papel importante na captação de recursos.

Queria ser presidente do Banco. Segundo confidenciou a amigos, chegou a receber sinais positivos de Lula que isso pudesse ocorrer. Lula chegou a indagar-lhe que planos teria para a administração do órgão. Mas foi preterido. Quando achava que ficaria sem lugar na “dança da vassoura”, finalmente foi designado Diretor de Marketing do BB.

Muitos comentavam que Lula nutria certa antipatia por ele, principalmente devido a seu hábito de apresentar-se de gravata borboleta e por gostar dos holofotes.

Pelo sim, pelo não, daí talvez certo temor de muitos que, de volta, possa se transformar em um explosivo “colaborador premiado” nos inúmeros processos que vêm por aí.

Ninguém sabe o que podem conter os três computadores e a documentação apreendida com Pizzolato em Maranello e na casa alugada que ele mantinha na Riviera italiana ao ser preso. A Polícia Federal quer que o material seja enviado para a Superintendência em Santa Catarina, local onde foi aberto inquérito para investigar a fuga de Pizzolato. Espera-se que os dados não passem por nenhuma censura…

Por fim, esta é a situação do homem cuja caneta podia estar decidindo até hoje pela aprovação ou não de campanhas, apoios e patrocínios, alguns milionários, do Banco do Brasil.

E já que estamos tratando dos patrocínios do Banco do Brasil, alguém poderia informar qual é o plano de marketing relativo ao patrocínio – certamente vultuoso – da equipe suíça Sauber, de Fórmula 1? Qual o retorno pretendido? Qual o público a ser atingido? Quantas novas contas o Banco espera abrir com este investimento? Em que país? E, principalmente, qual o valor do contrato?

Enio Meneghetti