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Quanta mentira!

3 de setembro de 2014

Quanta mentira!

Temos ouvido muitas mentiras diariamente.

Uma das mais frequentes é o “pleno emprego”. Viria de “pesquisas” que medem o número de desempregados a partir do número de pessoas procurando trabalho. Parece elementar, mas não é. A criação de novos postos de trabalho vem caindo há muito tempo. Este é o dado relevante. O número de pessoas que desistiram de procurar emprego – este sim definidor da realidade brasileira – é deixado de lado. A redução de empregos formais cai pelo terceiro mês consecutivo no RS.

A economia brasileira já registra dois trimestres seguidos de queda e agora, enquanto tenta inutilmente negar o fato de que já entramos em recessão, vem a pérola suprema: o ministro da Fazenda, Guido Mantega atreve-se a listar entre “os culpados” para os números pífios da economia, ele bota a culpa também na Copa!

Sim, na Copa das Copas!

Lembro da quantidade de desaforos que tive que ouvir quando fui um dos muitos que ousei dizer, na contramão do que diziam a mídia chapa branca e nossas mais altas autoridades, que a realização da Copa no Brasil era – para ser brando – uma irresponsabilidade.

O Brasil jogou dinheiro para cima gastando o que não podia com obras faraônicas a preços infinitos onde se sobressaem aqueles mega estádios – para referir apenas ao mais óbvio dos absurdos – em capitais onde sequer é praticado futebol profissional decente com a desculpa que os turistas trariam milhões em divisas!

No artigo “O Legado da Copa”, de 9 de julho passado, registrei:

“Nosso governador (Tarso Genro) anunciou solenemente que a Copa trouxe R$ 1 bilhão de arrecadação para o Rio Grande (…)… Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente do CDL de Porto Alegre, Gustavo Schifino, disse que apesar do bom fluxo de pessoas, os gastos dos turistas ficaram restritos a alimentação e hospedagem e a Copa pode dar prejuízo no RS: “Estamos abaixo da previsão. Inicialmente a ideia era ficar entre R$ 95 milhões e R$ 101 milhões em volume de vendas.” A estimativa do CDL Rio é de que as perdas cheguem a R$ 1,9 bilhão. (…)os comerciantes da região central de Campinas, em São Paulo, não têm motivos para comemorar nos dias das partidas. Em dias de jogo do Brasil, eles chegar a registrar queda de 80% nas vendas, principalmente nos segmentos bares e restaurantes. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e região (Sindivarejista), todos os setores sentem os reflexos dos jogos do Brasil. De acordo com o órgão, são quatro horas sem vender por partida.”

Elementar. Agora vem o seu Mantega, com a maior cara de pau, dizer tardiamente que a copa pode não ter sido tudo aquilo que eles exageravam em dizer que era. A culpa é da copa? O ministro afirmou que o baixo crescimento do PIB deveu-se pela “menor quantidade de dias úteis na primeira metade do ano, devido à realização da Copa do Mundo”. Isso, nos números negativos sempre atrofiados do ministro, “teve impacto negativo de 0,2 a 0,3 ponto percentual no resultado total do PIB no segundo trimestre”. E ele diz isso depois de dona Dilma encher a boca para falar, em junho passado, entre tantas outras bravatas, que “quem é contra a Copa é pessimista”. Parece piada!

Bem, se fosse eu a adjetivá-la e a seu ministro da Fazenda, poderia usar uma expressão bem mais forte.

http://www.eniomeneghetti.com

O discutido legado da Copa

9 de julho de 2014

Legado da Copa

Às vésperas das finais da Copa, tudo o que podia ser comentado acerca do desempenho de nossa seleção já o foi.

O que soa estranho é a grande preocupação de certos setores em negar o uso político/eleitoral do clima criado com a realização da “copa das copas” em solo brasileiro. Desde insinuação de “traidores da pátria” àqueles que ousam dizer que o atual governo buscava dividendos políticos com a festança, até negações do que há de mais óbvio na história da humanidade, o uso político do esporte.

Afinal, desde que na Roma antiga, quando foi cunhada a expressão “pão e circo”, passando pelas atrocidades cometidas por Hitler poucos anos depois de ser frustrado pelo desempenho superior demonstrado pelo norte americano afro descendente Jesse Owens, nos jogos olímpicos de Berlim em 1936 – apenas para citar dois fatos – é que se sabe que governantes usam o esporte para faturar politicamente.

Então não surpreende quando o governador Tarso Genro vem a público apresentar números esquisitos acerca da arrecadação gaudéria com o evento. Nosso governador anunciou solenemente que a Copa trouxe R$ 1 bilhão de arrecadação para o Rio Grande.

A previsão inicial era que viriam 200 mil pessoas. Tarso agora diz que vieram “350 mil, dos quais 160 mil estrangeiros”. Acho bem questionável afirmar – como fez o governador – que 190 mil brasileiros de outros estados tenham vindo ao RS assistir os jogos realizados em solo rio-grandense…

Mas vamos supor que viessem os 200 mil estrangeiros da previsão inicial. Ora, cada um teria de ter gasto R$ 5 mil para totalizar R$ 1 bilhão. Mesmo aqueles que ficaram acampados, os argentinos que dormiram no carro, ou os que sequer tinham dinheiro para voltar.

Em entrevista ao UOL Esporte, o presidente do CDL de Porto Alegre, Gustavo Schifino, disse que apesar do bom fluxo de pessoas, os gastos dos turistas ficaram restritos a alimentação e hospedagem e a Copa pode dar prejuízo no RS: “Estamos abaixo da previsão. Inicialmente a ideia era ficar entre R$ 95 milhões e R$ 101 milhões em volume de vendas.”

Além disso, como a abertura dos jogos ocorreu no dia 12 de junho, dia dos namorados, a data acabou perdida no calendário dos comerciantes. Os jogos do Brasil resultaram em ponto facultativo e isso também reduziu as vendas no mercado interno.

No Rio de Janeiro, foi detectado efeito semelhante. A estimativa do CDL Rio é de que as perdas cheguem a R$ 1,9 bilhão. A entidade acredita que o faturamento diário das lojas deve cair entre 50% e 70%. De acordo com o presidente do CDL Rio, Aldo Gonçalves, não apenas os feriados municipais, em dias de jogos, que atrapalham as vendas mas a própria Copa, por tirar a atenção dos consumidores. “As pessoas não estão pensando em comprar roupas, um vestido, um terno, carro. Elas estão focadas nos jogos.”

Com refeições a R$ 1, no Rio de Janeiro, o Restaurante Cidadão da Central do Brasil, mantido pela Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, que subsidia as refeições, perceberam os turistas no local. Nas últimas semanas o restaurante passou a ser frequentado por turistas de várias nacionalidades, em busca de refeição farta e barata. Café da manhã por R$ 0,35, e almoço a R$ 1, bebida incluída. São argentinos, colombianos, peruanos e equatorianos, que gostam de gastar pouco e ficar bem alimentados.

Ao contrário do que ocorre nos arredores dos estádios que recebem os jogos da Copa do Mundo, os comerciantes da região central de Campinas, em São Paulo, não têm motivos para comemorar nos dias das partidas. Em dias de jogo do Brasil, eles chegar a registrar queda de 80% nas vendas, principalmente nos segmentos bares e restaurantes. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Campinas e região (Sindivarejista), todos os setores sentem os reflexos dos jogos do Brasil. De acordo com o órgão, são quatro horas sem vender por partida.

Então, apesar do oba-oba da imprensa chapa-branca, o resultado do enorme investimento feito à custa do dinheiro de nossos impostos, pode ficar aquém do desejado.

Ninguém deve se sentir ofendido ao ver isso questionado.

Enio Meneghetti

http://www.eniomeneghetti.com

Vai ter Copa

http://copadomundo.uol.com.br/noticias/redacao/2014/06/27/turistas-nao-compram-copa-decepciona-comercio-e-pode-dar-prejuizo-no-rs.htm

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