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Delação de Youssef

17 de setembro de 2014

Delação de Youssef

O fato da semana anterior, inclusive com reflexos na corrida presidencial, foram as revelações de Paulo Roberto Costa em sua negociada delação premiada.

Agora, para supremo pavor de alguns, aventa-se a possibilidade do doleiro Alberto Youssef também aderir ao benefício.

A grande dificuldade para isso ocorrer de fato, encontra-se na resistência do advogado de Youssef, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Se Youssef decidir pela delação, o número de clientes de Kakay engolidos pelo escândalo é avaliado em mais de vinte.

Por essa razão, quando Youssef, consultou Kakay sobre a hipótese de negociar para contar tudo, o advogado disse-lhe considerar desaconselhável a delação premiada. E advertiu-o que, em caso de delação premiada, ele teria de abandonar sua defesa. A razão é muito simples: muitos dos alvos atingidos pelo delator Paulo Roberto costa são clientes de Kakay, segundo revelou o jornalista Josias de Souza.

Kakay é um festejado advogado de Brasília, que tem nove entre dez estrelas com problemas na área penal, um grande número de políticos e empresários, na condição de clientes. Com uma capitulação de Youssef, a situação de muitos de seus clientes poderia complicar-se. Então, se depender do seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Youssef nunca topará uma delação premiada. E compreende-se: dificilmente um criminalista com o perfil de atuação deste prestigiado advogado seria adepto do instituto da delação. Seria uma tática conflitante com a defesa de outros clientes seus.

Porém, no caso presente, há um precedente: Yousseff na década passada já fez uma delação premiada. Então, embora Kakay seja contra, cabe lembrar que o advogado Nélio Machado, que era o defensor do ex diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, também era contrário, provavelmente por razões similares.

Incentivado pela esposa, que já vinha se desentendendo com o advogado justamente por causa disso, Costa resolveu abrir a boca. Decidiu falar e Machado deixou o cliente. Ou seja, o advogado ser contra não necessariamente impede a delação.

Para isso, Paulo Roberto contratou uma advogada especialista em delação premiada, Beatriz Catta Pretta. Sim, já há especialização em delação premiada, vejam só. Foi assim que as coisas foram em frente.

Ora, como as revelações de Costa pioram também a irremediável situação de Youssef, seu caminho mais lógico seria optar por abrir logo o bico e contar tudo o que sabe. É de se imaginar a pressão que deve estar sofrendo de parte daqueles que tem o rabo preso. Até mesmo para sua própria proteção, seria bastante lógico esperar pela negociação da delação. Certamente ele tem muitos detalhes a acrescentar às já bombásticas revelações feitas por PRC, cuja publicação parcial pela revista Veja já provocou um terremoto. Desta forma, Youssef, só tem a perder ao ficar em silêncio.

Paulo Roberto já havia mencionado que – “Se eu falar, não vai ter eleição”. Talvez força de expressão, pelo sigilo do teor de seus depoimentos, viu-se que foi revelada apenas uma pequena parte do que o criminoso sabe. Mesmo assim, provocou tremores em muitas cabeças coroadas. Imagine-se então o que Youssef teria a acrescentar. Não custa lembrar que recentemente sua ex-contadora, Meire Poza, já falou à VEJA sobre os esquemas envolvendo o doleiro e seus amigos da classe política e o frisson foi grande.

Compreende-se então o pânico criado entre alguns políticos, algumas empreiteiras e prestadoras de serviços da Petrobras. O medo de que Alberto Youssef, assim como Paulo Roberto Costa, opte pela delação premiada.

E ao lembrarmos da fala recente de Lula:

“Eles não sabem do que nós seremos capazes de fazer para que você seja a nossa presidenta por mais 4 anos neste país”

Tem-se então uma pequena ideia do tamanho da bomba sobre a qual o país está assentado.

Enio Meneghetti
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O passarinho

10 de setembro de 2014

“Só mesmo como piada cabe a versão de ela poderia não saber do que ocorria por debaixo do tapete.”

O Passarinho

Finalmente, depois de avanços e recuos, o ex diretor da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, abriu o bico e contou com palavras o que quase todo o mundo já sabia mas não podia falar ainda, com todas as letras.

Para tentar escapar da mesma situação de Marcos Valério, que pegou 40 anos de cadeia enquanto seus companheiros de gatunagem e mandantes já estão contando os dias para verem-se livres das grades, o ex-diretor da Petrobrás resolveu tentar salvar – ao menos em parte – a si e familiares, os quais parece ter utilizado para ocultar sua parte no butim roubado.

Paulo Roberto Costa apresentou nomes e explicou como ele e seus cúmplices nos crimes de lavagem de mais de R$ 10 bilhões sob investigação da Operação Lava Jato operavam, além de detalhes sobre a malfadada compra superfaturada da refinaria bichada de Pasadena, nos Estados Unidos.

Pode ser que agora o doleiro Alberto Youssef crie coragem e resolva tentar salvar a própria pele também. E como sonhar é de graça, não custa torcer para a excelente possibilidade de que Henrique Pizzolato, o foragido do Mensalão atualmente preso na Itália que tenta desesperadamente evitar ser mandado para cá onde amargará em um dos presídios brasileiros, possa também fazer um acordo para evitar a extradição (ele é cidadão italiano) e contar tudo o que sabe. Tomara. Se isso acontecer seria uma glória nos tribunais…

Políticos do PT e da base aliada do governo, principalmente PP e PMDB junto com governadores, senadores, deputados. E, é claro, sobrou para Dilma. Afinal, ex ministra de Minas e Energia, ex presidente do Conselho da Petrobrás, ex-Chefa da Casa Civil, centralizadora como é, só mesmo como piada cabe a versão de ela poderia não saber do que ocorria por debaixo do tapete.

Também acabou respingando em Marina Silva. A menção do falecido ex-governador Eduardo Campos não pegou bem para ela. Não poderia deixar de estar no embrulho o sucessor de Delúbio Soares, o atual tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto. Sim, Paulo Roberto Costa afirmou que o atual tesoureiro Vaccari Neto, era o encarregado de fazer a ponte entre os esquemas e o partido.

Se a investigação for levada em frente, mexe com gente muito poderosa. O risco de que tentem abafa-la é real e concreto, pois a coisa é muitíssimo grave.

A reportagem que Veja traz esta semana é apenas a pontinha do iceberg de uma roubalheira que pode fazer o esquema do Mensalão ficar no chinelo. Na lista inicial de nomes apontados, com envolvimento na Lava Jato: “Entre eles estão os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA). Senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo. Mais os deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizzolatti (SC), um dos mais ativos integrantes da bancada do PP na casa. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, também do PP, é outro citado por Paulo Roberto como destinatário da propina”.

A lista de três “governadores” citados pelo ex-diretor da Petrobrás são: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), governadora do Maranhão. Com as mega suspeitas em relação a refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, sobrou para o ex-companheiro de chapa de Marina Silva, o falecido presidenciável Eduardo Campos (PSB).

Este furdunço ainda deve feder bastante.

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Delação premiada e um avião sem dono

27 de agosto de 2014

Delação premiada e um avião sem dono

Paulo Roberto Costa trocou seu advogado pela defensora Beatriz Catta Preta – especializada em casos de delação premiada. Aguarda-se a qualquer momento, a confirmação da assinatura do acordo.

Entre 2005 e 2012, Paulo Roberto Costa substituiu José Sérgio Gabrielli, na presidência da Petrobras por 24 vezes. Costa é acusado de controlar um mega esquema de fraudes na estatal, com participação no superfaturamento das obras da refinaria Abreu e Lima, que já torrou R$ 42,2 bilhões sem sair ao papel, de cujos contratos o MPF afirma que teria saído o suborno lavado pelos esquemas do doleiro Alberto Youssef.

Porém, Paulo Roberto Costa pode estar acenando com a delação premiada para acuar os petistas. Porque dificilmente ele poderia ter feito o que é acusado sozinho. Nada na Petrobras se resolve sem a interferência superior. Dilma foi Ministra de Minas e Energia, presidindo o Conselho da Petrobras. É risível a hipótese de estar alheia ao que acontecia na estatal.

O doleiro Youssef também pode embarcar na onda de delação premiada. No caso Banestado, ele contou tudo que sabia. Agora, a história pode se repetir.

Alguém tem que perguntar para a Marina Silva

– E agora como é que fica?

A AF Andrade, ex arrendatária por leasing, do Jatinho Citation, está em recuperação judicial. Não poderia ter repassado o arrendamento mercantil. O seguro do avião, cujas importâncias seguradas contratadas são insuficientes para cobertura dos danos causados a terceiros, estava em nome do antigo dono. Foi apresentado um documento particular informando que a responsabilidade pelo leasing do Citation, teria sido repassado para João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho. Só isso já constitui motivo suficiente para qualquer seguradora – salvo melhor juízo – negar a cobertura dos danos causados pelo uso da aeronave para fim diverso do contratado, pois o seguro foi feito em nome da AF Andrade.

Como este embroglio estava CONTABILIZADO? Sim, porque segundo a severa lei eleitoral vigente, BENS ESTIMÁVEIS EM DINHEIRO – emprestar um carro, uma casa para o comitê, UM AVIÃO -, tudo isto tem de estar lançado nas contas de campanha e ser informado ao TSE.

A burocracia para concorrer a cargo eletivo, desde o mensalão, é para ninguém botar defeito.

A responsabilidade é da candidata, então companheira de chapa, que, segundo consta, também fazia uso da aeronave e apenas por detalhe não estava à bordo no fatídico dia.

Então, como fica? QUEM VAI PAGAR AS CASAS DESTRUÍDAS? Só um dono de academia estima seus prejuízos em mais de um milhão e meio de reais. Fora os lucros cessantes, o aluguel que continua correndo, os contratos firmados com seus clientes usuários…

Já pensaram, você sai para trabalhar e na volta fica sabendo que um avião “SEM DONO” caiu em cima de sua casa ou seu negócio.

Como fica o caso daquela senhora de 100 anos em cadeira de rodas que apareceu na TV? E seus cuidadores? E a vida dos familiares?

Tantos candidatos fizerem programetes comoventes na TV, com imagens candentes em preto e branco, toda essa exploração piegas no horário eleitoral em cima do cadáver, não é chegada a hora de mostrar o estado das famílias vítimas?

Quem contratou e/ou pagava os pilotos? Qual a situação de suas viúvas? Como estão as famílias dos demais mortos na tragédia?

Como está registrado, na contabilidade da PRIMEIRA PARCIAL de campanha, cujo prazo de apresentação a Justiça Eleitoral era 31 de julho? Como foi lançado lá o uso do jato?

Quem emprestou/cedeu o jato, o fez por que? Quem é esse magnânimo gastador que cede um jato praticamente novo, avaliado em cerca de OITO MILHÕES DE DÓLARES e agora sumiu? Quem é esse personagem misterioso? Foi à troco de nada?

O valor da hora de vôo de um jato Citation, para quem não é do ramo, é inacreditável. Imaginam quanto custou a infinidade de viagens que aquele jato fez – conforme mostrado na TV – no zigue zague que o avião “costurou” Brasil afora, no período anterior ao do acidente?

O Brasil tem de ser informado.

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Simples assim: “Segundo informações em O Globo, Marina tem um novo comitê de campanha, com um novo CNPJ, como determina a lei eleitoral em caso de morte de um candidato. O avião usado por Campos era de responsabilidade do comitê de campanha do ex-governador de Pernambuco e que já foi extinto com a sua morte.
Ainda segundo O Globo, a versão do PSB para o assunto reforça uma tese de que o avião teria entrado em um caixa dois na campanha, ou seja, o gasto não foi declarado regularmente. O PSB reconhece que não haveria recibo registrado no TSE, como exige a lei.”

– See more at: http://www.sonhoseguro.com.br/2014/08/aeronave-seria-de-responsabilidade-do-comite-de-campanha-de-campos-marina-criou-outro-comite-ao-assumir-candidatura/#sthash.RLVcKrfg.dpuf

http://epoca.globo.com/tempo/eleicoes/noticia/2014/08/documentos-revelam-que-aviao-usado-por-bcampos-e-marinab-pertencia-busineiros-paulistasb.html

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Calendário de escândalos

13 de agosto de 2014

Calendário de Escândalos

Semana passada fechei o artigo “Maquiando opiniões”, que abordava dois absurdos – o pedido de Lula da degola da analista financeira do Santander que ousou abordar os problemas econômicos brasileiros e o escândalo da fraude nos depoimentos da CPI da Petrobrás – com a frase: “A certeza que fica é que há muito mais coisas para vir do lugar de onde vieram estas.”

Impressionante é que nem deu tempo para escrever sobre outras produções da alta vertente de baixarias e recebemos na capa da revista Veja do último fim de semana estampada com mais um mega escândalo: a contadora do doleiro Alberto Youssef revela em detalhes o funcionamento do esquema de pagamentos de propinas do governo e partidos da base aliada, com a movimentação de malas de dinheiro. Meire Poza era a contadora do doleiro preso Yousef. Segundo Veja, “ela sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de perto as engrenagens que faziam girar a máquina (…). A contadora confirma que parlamentares como o deputado André Vargas (PT-PR) e o senador Fernando Collor (PTB-AL) se aliaram ao doleiro em um esquema de esquema de lavagem de dinheiro que tinha prefeituras petistas como uma de suas principais fontes de recursos. Ela também relatou como empreiteiras que mantém contrato com estatais e órgãos públicos repassavam dinheiro para o esquema.” Nitroglicerina pura.

Já se avalia que, sem argumento de defesa, os advogados tanto de Alberto Yousef como de Paulo Roberto Costa – o ex diretor da Petrobrás preso – já estariam pensando seriamente numa estratégia de delação premiada. Parece incrível, mas se discute isso abertamente e mesmo sabendo que se ambos abrirem o bico cai a República, isso é falado assim, como se fosse a coisa mais natural do mundo e não uma fonte de escândalos sem precedentes na história deste país.

E com tal produtividade, não deu tempo ainda para falar no escândalo do empreguismo no SESI, por exemplo, que nos trouxe a revista Época da semana anterior. Ali se fica sabendo do pagamento de salários que chegam a R$ 36 mil a apadrinhados de Lula e do PT que sequer precisariam aparecer no local de trabalho.

Instalada a 40 metros do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, até hoje comandado por Lula e aliados, o escritório de representação do Conselho Nacional do SESI, bancado pelas indústrias brasileiras, emprega entre outros apadrinhados, até mesmo uma nora de Luiz Inácio.

A alta densidade do calendário de escândalos também deixou pouco tempo para registrar a utilização de computadores do Palácio do Planalto e do Serpro para denegrir os perfis na Wikipédia dos jornalistas da Globo Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg. Parece piada, mas estamos falando de um fato real.

Estava distraidamente refletindo sobre tudo isso no caixa do supermercado e uma voz me chama à realidade. “CPF na nota”? Era a moça me perguntando se eu desejava aderir ao programa do governo que com o toque de um botão permitiria a algum araponga saber no que gasto meu dinheiro, qual a marca de desodorante de minha preferência, ou que remédios compramos na farmácia, enfim, tudo. Lembrei imediatamente do que li – e já comentei – no livro do Romeu Tuma Jr. – Assassinato de Reputações – e resisto à tentação de responder à moça, que não tem culpa nenhuma, com aquela frase debochada, consagrada em um comercial:

“Nem a pau, Juvenal!”

Enio Meneghetti
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capa380

OPERAÇÃO-“LAVA-JATO”-PODERÁ-REMOVER-MUITA-PODRIDÃO

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