No dia 7 de maio estarei lançando “Baile de Cobras – A Verdadeira História de Ildo Meneghetti”.
A biografia conta como um homem comum, que elegeu-se vereador em Porto Alegre aos 53 anos, chegou depois duas vezes a Prefeito de Porto Alegre e outras duas a Governador do RS, disputando sempre como candidato improvável e vencendo todas as eleições que disputou.
Contém revelações inéditas, sobre as campanhas eleitorais, relatos de momentos conturbados da vida regional e nacional e histórias de bastidores da política, além das histórias vividas como dirigente de futebol.
O lançamento será no Chalé da Praça XV de Novembro, em Porto Alegre a partir das 18h30.

Lembro bem que descia a avenida Carlos Gomes quando ouvi pelo rádio do carro a propaganda:
“Leia em Coojornal: Meneghetti conta tudo!”.
Pensei: mas tudo o que? Eu, que do alto da “sabedoria” de meus 20 anos, em 1977, achava que sabia de tudo…
Creio que só no dia seguinte fui até o centro de Porto Alegre procurar a edição do Coojornal. Lá estava uma entrevista
de duas páginas em letra miúda, longa, consistente. Bem escrita, parecia que eu estava vendo meu avô falar. Nas alegrias e decepções, fazia críticas, uma entrevista em profundidade.
Dias depois, ao visitá-lo, comentei que vira sua entrevista. Ele não a tinha lido. Fiquei de levá-la. Quando o fiz, ele ficou algum tempo em silêncio, passando os olhos pelo texto, como se estivesse conferindo se estava tudo lá. Ao terminar lançou-me um olhar com meio sorriso, como se fosse um menino, aos 82 anos. Detalhou alguns pontos que eu não captara por ter menos de 10 anos quando alguns dos fatos aconteceram.
Lembro que após a morte de minha avó Judith, em 1979, quando ele realmente entristeceu para sempre, e até por isso habituei-me a visitá-lo ao menos cerca de duas vezes por semana nos finais de tarde após o trabalho, foi que fui mais a fundo e explorei os assuntos políticos com ele.
Foi assim, e graças a uma boa memória que devo ter herdado dele, que comecei a acumular informações que me levariam a escrever “Baile de Cobras”. Procurei meu pai, que embora tenha suas opiniões bem formadas e lembrasse de muita coisa, nunca meteu-se em política. E meu tio, João Eurico Meneghetti. Procurei seus amigos ainda vivos e ex-auxiliares de governo que detalharam-me fatos completamente. Tomei o cuidado de procurar na literatura tudo o que havia sobre os episódios que ele me narrara. E já tinha material abundante.
Comecei em 2002 e acabei em 2012. E a obra ficou finalmente pronta e agora publicada.
Enio Meneghetti