Em meio ao mar de lama que assola o Brasil, um fato importante passou quase despercebido na última semana.
Refiro-me a divulgação do laudo grafotécnico que comprova que o ex- executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar mentiu em sua delação premiada, ao afirmar que o deputado Onyx Lorenzoni havia recebido uma doação eleitoral não declarada, oriunda da Odebrecht, nas eleições de 2006, há onze anos passados.
O laudo do perito Domingos Tocchetto demonstra que a planilha de doação apresentada por Alexandrino como “prova” da alegação, foi fraudada.
O laudo grafotécnico demonstra que a anotação referente a uma suposta doação de 175 mil reais, em 2006, foi adicionado na planilha do sistema utilizado pela Odebrecht DEPOIS dos demais dados contidos na mesma. A letra, ou “fonte” utilizada, é diferente. O tamanho é diferente assim como alguns dos caracteres gráficos utilizados. Trata-se de um documento manipulado.
Além disso, o sistema utilizado pela Odebrecht para o controle do departamento de propinas, denominado “Drousys”, só foi implantado em 2008, ou seja, dois anos após a data da suposta doação.
Por que teriam feito isso? A resposta certamente está no codinome usado para batizar Onyx Lorenzoni na planilha: “Inimigo”. O fato pitoresco é que, na mesma planilha onde Lula é apontado como o “Amigo”, Onyx Lorenzoni seria o “Inimigo”.
Sem dúvida um grande galardão em favor do deputado. Ser reconhecido como “Inimigo” de Lula e do PT, numa planilha falsificada, é honra para poucos.
Desde antes da CPI dos Correios, em 2005, Onyx denunciava o projeto de poder do PT, associado ao Foro de São Paulo, de promover o avanço da esquerda na América Latina. O esquema de apoio a Hugo Chavéz, Evo Morales e outros tiranos no cone sul e até na África.
Onyx Lorenzoni foi o primeiro parlamentar brasileiro a afirmar na tribuna da Câmara que Lula era traficante de influência a serviço da Odebrecht. Requereu os contratos suspeitos do BNDES com a África e com outros países. Eram as viagens de jatinho particular, pagas pela Odebrecht, que Lula fazia em companhia do criminoso delator Alexandrino Alencar. Isso ainda antes do estouro do Petrolão.
Nada mais conveniente do que tentar desacreditar a quem lhes faz oposição sem trégua. Nada mais lógico do que denominar como “Inimigo” quem denuncia suas falcatruas.
No momento em que a mega quadrilha, com o apoio da grande mídia, tenta colocar a todos na mesma vala para tentar salvar a cúpula do maior esquema criminoso da História, eles acharam que calar um parlamentar como Onyx seria conveniente.
Enio Meneghetti
Artigo publicado no “Correio de Cachoeirinha” , edição de terça feira, 20.06.2017