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NINGUÉM AGUENTA MAIS!

11 de julho de 2017

             Domingo. Passava pouco do meio dia quando subiu um rumor crescente na região da rua Padre Chagas em Porto Alegre. Após alguns segundos pode-se distinguir-se a frase clássica: “Pega ladrão!”.

               Um jovem, cerca de vinte e poucos anos, de bicicleta, arrancou a bolsa de uma senhora que subia a rua e derrubando-a no chão. Depois soube-se que ela vinha do mercadinho. Fora comprar pão para o almoço dominical  com o filho e o pai octogenário. Ao cair e gritar, deu início a reação em cadeia de um povo indignado.

              Descendo o leve declive, o ladrão deu mais impulso a bicicleta. Ao passar pelo mercadinho de onde viera a vítima, tomou o primeiro passa pé que o fez perder o equilíbrio. Passou da esquina e levou o segundo, que o fez cair de cara no chão. Levantou-se, meio atordoado, com testa esfolada. Tentou continuar a fuga, mas encurralado pelos transeuntes, ficou por ali mesmo. “Liga pro 190!” – grita um. “Chama a Brigada!” – berra o outro. “Vagabundo!” – repetem vários. Alguém tem de buscar a senhora, que caminha com dificuldade, pois tem uma prótese. Reconhece o indivíduo.

             Minutos depois, chega a viatura da Brigada. O sargento ouve a vítima, indaga por testemunhas. “Eu vi” – diz um. “Nós também vimos” – diz um casal. Para lavrar o flagrante, é necessário que todos vão ao Plantão Judiciário, no Palácio da Polícia, explica o sargento. Sem testemunhas, não adianta.  – Quem pode nos acompanhar? –ele pergunta.

             De repente se dá um silêncio. Parece que cai a ficha. Não basta prender o ladrão, tem de ser feito o serviço completo. Prestar depoimento. Levará  um certo tempo. É domingo, hora de almoço. O sargento desabafa:

             – O senhor vê, ninguém quer ir. Aquele ali acabou de pegar um táxi. Aquele outro também está indo embora.  Alguém grita:  “Pessoal, não adianta prender se agora ninguém quer ser testemunha! Se ninguém for ao plantão, o vagabundo aqui vai ser solto e à tarde estará de volta!”. Felizmente, um casal apresenta-se para testemunhar e todos dirigem-se ao plantão policial.

             Dias atrás já havia ocorrido episódio semelhante praticamente no mesmo local. Um idoso reagiu a uma tentativa de assalto na saída do banco e o criminoso foi perseguido por populares. Mostrando uma arma (seria de brinquedo?), o ladrão conseguiu tomar o carro de um motorista que passava e escapou por pouco. A lição que fica de ambos os episódios é que o povo está farto, não aguenta mais a criminalidade, seja de que nível for.

             Porém, não basta a indignação. É preciso ir até o fim. Assegurar-se que as leis que garantem a punição dos crimes sejam aplicadas. Com o devido processo legal sendo instruído corretamente. Isso dá trabalho, exige fiscalização e cobrança por parte da população. Chegamos a um ponto que, como diz a frase de autoria desconhecida: “o preço da liberdade é a eterna vigilância”.

              A solução de nossos problemas começa com a escolha certa de nossos representantes.

A festa de St. Patrick’Day  

23 de março de 2017

           Na ultima sexta feira 17, a rua Padre Chagas foi fechada para a comemoração do dia do Santo padroeiro da Irlanda.

           Regado a muita cerveja, o evento saiu de controle na edição anterior. Agora a prefeitura interviu, regulamentando a festa, que reuniu mais de 30 mil pessoas no espaço de pouco mais de três quadras.

           A rua foi fechada às 12:30 de um dia útil. Trânsito engarrafado refletiu-se em toda a região. Consultas canceladas, comércio prejudicado, locomoção dos moradores dificultada.

           A prefeitura impôs o término para às 22:00. Mas os jovens chegaram portando sua bebida. Coolers, caixas de isopor, até barris de chope.

          O horário determinado pelo poder público de nada serviu. Os bares continuaram funcionando.

          Garrafas quebradas representavam um perigo adicional. As filas nos banheiros, instalados junto às janelas de prédios residenciais, não deram conta. Qualquer dobra de parede servia.  O odor foi testemunha até o final da manhã seguinte.

          O espaço das áreas privadas dos prédios foi invadido. Canteiros pisoteados. Não era possível ver o chão ao caminhar, tal a massa humana. Felizmente não houve situação de pânico e correria.

          Um traficante foi preso, houve pequenos roubos e um rastro de sangue entre as ruas Luciana de Abreu e Hilário Ribeiro confirmava os relatos de briga à faca.

          Situações desse tipo podem levar ao caos. Exemplos como o da boate Kiss nos ensinam que muita gente feriu-se pisoteada antes de conseguir escapar.

          O evento atravessou a madrugada, até muito depois da reabertura do tráfego.

          O caminhão pipa que lavaria a rua e as calçadas só chegou depois das onze horas do sábado, quando os moradores e comerciantes já haviam providenciado por si mesmos a lavagem. Tudo está documentado.

          Ninguém é contra confraternização, lazer ou festas. Mas devem acontecer em locais que garantam o direito e a segurança de todos os envolvidos. Isso não aconteceu na sexta feira.

Entre mais de 300 fotos e alguns vídeos, selecionamos algumas mostrando o estado em que ficou o local.

A quantidade excessiva de pessoas em um espaço restrito, comércio de ambulantes que colocou por terra a ideia dos organizadores de ter qualquer controle sobre o horário de término do evento, sem falar no fato de que a maioria dos presentes levou sua bebida de casa.

Há também registros de pessoas fazendo suas necessidades fisiológicas na via pública.

 

Xixi no portão do prédio. Padre Chagas, 174.  

  

   Xixi coletivo em jardim privado.        

 

Sol alto, a lavagem e escovação ficou por conta dos comerciantes, zeladores e moradores, pois o caminhão pipa prometido para a madrugada, só chegou após às 11:30. Não foi possível aguardar tanto tempo o mau odor de cerveja choca e urina.  

Rua Padre Chagas, 185, cerca de 5 horas da madrugada de sábado. Fim de festa, trânsito de veículos recém liberado.

A lavagem da calçada e do recuo invadido acabou ficando à cargo do pessoal do prédio, com o uso de mangueiras e aparelho lava-jato. Sol já estava alto e o caminhão pipa ainda não havia aparecido. A promessa era que a lavagem seria na madrugada.   

Comércio de ambulantes na calçada. Estoque farto.

 

    

Cacos de vidro por vários dias. Senhoras, crianças, caminhar de sandálias, ou sapatos abertos, nem pensar. 

 

 

A certa altura da festa, não era possível enxergar o piso quando se andava. Se houvesse situação de pânico, gente teria sido pisoteada.

 

Aspectos da porquice. 

 

 

Bebidas foram levadas por populares. A oficialidade achou que iria conseguir limitar o horário da festa.

Canteiros do prédio esquina rua Luciana de Abreu.