A cada dia que passa, em questão de horas ou até de minutos, as notícias ficam velhas. Às favas com a lógica, ás favas com o óbvio. De repente, um desconhecido presidente em exercício da Câmara Federal, ao que tudo indica, que jamais mereceria ter colocado os pés no Congresso Nacional, resolve dar um canetaço e anular um ato juridicamente perfeito.
Waldir Maranhão (PP-MA) pretende que uma nova votação aconteça decorrido o prazo de cinco sessões após a devolução do processo pelo Senado à Câmara. Segundo nota, Maranhão acolheu os argumentos do ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União, que disse terem ocorridos “vícios” no processo.
Ou seja, se o Senado, por decisão de Renan Calheiros, resolvesse simplesmente não devolver o processo para a Câmara, o impasse poderia render tempo indeterminado.
E depois falam em golpe! Golpe de quem, cara pálida?
Maranhão anulou absurdamente um ato realizado sob balizamento de nossa mais alta corte e sob todos os preceitos constitucionais coincidentemente logo depois de um encontro com José Eduardo Cardozo, Advogado Geral da União. Isso é um escárnio!
E ainda tentam insinuar, como apressou-se a fazer Carta Capital, que isso teria sido manobra engendrada por Eduardo Cunha, em represália por ter sido afastado.
É o famoso jogo do “dá o tapa e esconde a mão”.
A Câmara Federal não é instância recursal para a matéria em questão, que já está sob o exame do Senado da República.
Em que pese a decisão de Waldir Maranhão não ter valor algum, já que a decisão do plenário da Câmara é soberana, como pode um país inteiro parar para assistir um ato monocrático de quem está onde nunca deveria estar?
Agora fica-se com a desconfiança de que, dependendo nas mão de quem a pauta for parar, no STF, a chicana poderia atrasar o inevitável.
Embora a maior parte dos ministros do STF esteja neste momento ainda a caminho de Brasília, o ministro Luiz Fux, do STF, negou mandado de segurança impetrado pelo deputado Paulo Teixeira, com argumentos semelhantes aos usados por Waldir Maranhão na decisão de hoje.
Ou seja, eles tentarão de tudo.
Enquanto isso, a economia do país que vá as favas! Elementos que deveriam estar cuidando dos interesses superiores desta nação, estão preocupados em salvar a própria pele. Será que não pensam nos prejuízos que traz à imagem internacional do Brasil um disparate desta magnitude? Quem arcará com esses prejuízos?
Até onde precisaremos ir para frearmos os ímpetos de pessoas que parecem pretender trazer o caos?
Enquanto escrevemos este artigo, o povo se mobiliza para protestar contra a decisão de Waldir Maranhão. Sem falar na enxurrada de ações contra sua decisão.
Por fim, representantes de seis partidos vão pedir a cassação de Waldir Maranhão por quebra de decoro no conselho de Ética da Câmara. Tem lógica.
Não vai ter golpe.
Enio Meneghetti
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Tags: Advocacia Geral da União, AGU, Carta Capital, Câmara Federal, Dilma, Eduardo Cunha, Golpe, Impeachment, José Eduardo Cardozo, não vai ter golpe, Querem tocar fogo no Brasil, Renan Calheiros, Senado, trapalhada, Trapalhão, vícios no processo, Waldir Maranhão
This entry was posted on 10 de maio de 2016 at 14:39 and is filed under Administração Pública, Câmara Federal, Corrupção, Curiosidades, Demagogia, Governo Federal, História, Impeachment, Legislação, Politica. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
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