A Lava Jato terá momentos emocionantes em 2017. As inevitáveis revelações que virão nos depoimentos das delações premiadas dos setenta e sete executivos da Odebrecht, trarão choro e ranger de dentes.
Os detalhes, provas e novas denúncias, serão a sensação do noticiário dentro de bem pouco tempo.
Isso é bom, mas se pode antever uma bem azeitada máquina nos bastidores para tentar sabotar tudo que é feito por procuradores e juízes empenhados em desvendar os tempos de baixaria explícita que atravessamos.
Temos alguns poucos parlamentares que tentam equiparar esse jogo desproporcional. Com remédios como a implantação das Dez Medidas Contra a Corrupção, que teve o condão de tirar da toca mostrar o atrevimento dos que insistem em preservar a impunidade.
O que podemos fazer para conter a falta de vergonha proporcional ao desespero dos acuados? Acompanhar passo a passo a tentativa de reversão no Senado do conjunto das dez medidas, desfigurado no âmbito da Câmara Federal. O presidente da Comissão Especial, deputado Joaquim Passarinho e o relator das 10 medidas, deputado Onyx Lorenzoni, estão realizando esse trabalho silencioso nos bastidores do Senado Federal.
Chegará o momento decisivo onde a sociedade brasileira, vigilante, poderá usar a força da instantaneidade da comunicação. Que armas dispomos? Com um simples smartphone, pode-se instantaneamente interagir. Registrar a desconformidade e arrefecer o atrevimento dos corruptos. Essa é uma grande diferença entre os tempos que vivemos e iniciativas de combate à corrupção que outrora fracassaram e são constantemente lembradas, como a Operação Mãos Limpas, na Itália.
Se a população continuar mobilizada, o cerco aos corruptos trará resultados. Atualmente, em minutos se forma um ato de protesto. Em poucos dias, massas podem ser motivadas a se manifestarem maciçamente nas ruas. Esses fatos, mais a comunicação imediata com as redes dos corruptos, que sabem que terão dificuldade até para andar em locais públicos, como já tem acontecido, tem peso enorme.
As revelações da Odebrecht multiplicarão o tamanho da Lava Jato. Dos cerca de setenta delatores até agora, a investigação passará a contar com mais 77 executivos da Odebrecht que terão que entregar informações sobre pagamentos indevidos em cerca de 100 projetos espalhados pelo Brasil e mais 13 países.
Em 2017 os números da operações da PF baterão recordes. Entraremos no auge da apuração do maior escândalo de corrupção da história mundial. Não é pouca coisa. Já se contam 103 prisões temporárias, 79 prisões preventivas, 197 conduções coercitivas, 730 buscas e apreensões. Está sendo pedido o ressarcimento de R$ 38,1 bilhões aos cofres públicos.
A população precisará ter foco, paciência, sangue frio, persistência. Haverá de surgir alguém para coordenar os esforços contra as tentativas de acomodação. O ano de 2016 se foi e 2017 passará velozmente. 2018 será o ano em que, se nada for implantado em matéria de contenção legal ao que estamos assistindo, caberá ao povo fazer a reforma legalmente. Nas urnas.
A bandidagem sabe o que quer. Nós também.
Enio Meneghetti
Tags: acordo de leniência, corrupção, delação premiada, força tarefa, Joaqueim Passarinho, Lava Jato, Odebrecht, Onyx Lorenzoni, Operação Mãos Limpas, Sergio Moro
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