Finalmente o jogo ficou claro. Enquanto o Planalto ajudar a protelar a degola de Eduardo Cunha, este protelará o andamento do processo de impeachment de Dilma.
E enquanto a imprensa continuar diariamente entretida com Eduardo Cunha, deixará Dilma e as mazelas do governo em segundo plano.
Só que o Planalto parece ter esquecido da lição que Garrinha deu em Vicente Feola, quando o técnico afirmara com convicção que o craque venceria facilmente seu marcador na corrida e com a bola dominada iria fazer isso e aquilo.
“Tá legal, seu Feola… mas o senhor já combinou tudo isso com os russos?”
A tática do Planalto não está agradando a bancada do PT, cujos deputados deverão pagar o preço já nas eleições de 2016, que escolherão prefeitos e vereadores indispensáveis nos planos de reeleição de cada um.
Eduardo Cunha, que de bobo não tem nada, já anda dizendo que não cai antes da decisão sobre o pedido de abertura do processo de impeachment contra Dilma. Ele, que havia prometido sua decisão “técnica” até o final da segunda quinzena de novembro, agora fala que decidirá antes do recesso parlamentar, que começará em 22 de dezembro.
Deu para sentir: empurrará a decisão enquanto puder, com o beneplácito do Planalto.
Enfim, com a overdose de Eduardo Cunha no noticiário, o governo conseguiu o que antes parecia impossível: arrefecer o clima para o impeachment.
Agora só é preciso que o governo administre a pressão da bancada federal do PT, que cobra uma posição clara da direção do partido. Podem esperar sentados.
O Planalto jamais admitirá que se esconde dos problemas atrás das manchetes de Cunha e muito menos abrirá mão desta cobertura, que lhe caiu no colo.
Talvez tenha sido a tática petista mais perfeita desde que a atual hecatombe de escândalos caiu sobre o partido. Obra que se pode atribuir muito mais à sorte do que ao planejamento de algum estrategista estrelado.
O problema é que toda essa trama não muda o fato de que nossa economia vai entrar em colapso ano que vem. Que Palocci, Bumlai, Lulinha II e sabe-se lá quem mais, poderão ser denunciados. Que novas prisões deverão acontecer e outros delatores deverão entregar mais “malfeitos”. O partido deverá ser cobrado pelos muitos milhões desviados. Tudo isso em ano eleitoral.
E Gilmar Mendes tomará posse como o próximo presidente do TSE.
A justiça tarda, mas não falha.
Enio Meneghetti
N.A.: Este artigo, publicado na edição de hoje (25) do “Correio de Cachoeirinha”, foi escrito na noite de segunda feira, horas antes da prisão do pecuarista José Carlos Bumlai.
Tags: combinar com os russos, corrupção Petrobrás, Cunha, Dilma, Garrincha, Impeachment, negociatas
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