Desmoralizados

Desmoralizados

A poderosa Petrobrás rumo à bacia das almas. Entenda como. 

Nesta segunda-feira, 15 de dezembro, as ações da Petrobrás chegaram à variação negativa de 10% em relação ao preço inicial.

A queda deveu-se às dúvidas geradas pelo adiamento da divulgação do balanço da estatal, aos escândalos expostos nas ações penais que o juiz Sérgio Moro deflagra no Paraná e ainda à cotação internacional do petróleo, que despencou.

Sem falar na demora da presidente para substituir a atual gestora, Graça Foster.

Já há quem teorize que tal demora poderia dever-se ao fato que um(a) eventual novo(a) presidente da estatal tomaria conhecimento de fatos graves que ainda não vieram a público. E que, investido no comando, dadas às investigações em andamento, teria de revelar tais fatos às autoridades competentes, sob pena de conivência. Será?

O fato é que abre-se a brecha para que mega investidores possam adquirir ações ordinárias da estatal na baixa dos últimos dias. Atitude que precederia a compra dos  títulos da dívida da empresa. Nesta situação, o governo poderia ser forçado a abrir mão do controle acionário.

Com uma megadívida em torno de R$ 363 bilhões, a Petrobrás tem cerca de 80% de sua dívida atrelada ao dólar. A capacidade financeira da empresa em pagar seus financiamentos ficou em dúvida a partir do momento em que passou a adiar a publicação do balanço do terceiro trimestre. A auditoria externa se recusou a avalizar os dados contábeis. Sem publicar o balanço, a empresa fica impedida de tomar dinheiro no mercado para rolar a dívida. Se o balanço não for publicado até 31 de janeiro de 2015, parte desta dívida estará vencida.

Se correr o bicho pega. Se ficar, o bicho come.

Este quadro agonizante é resultado das ações do crime organizado infiltrado no governo do país que, se fizessem parte de um filme, passaria por devaneio de roteirista hollywoodiano.

 Conforme não deixam dúvida as ações penais em curso, a organização criminosa operou um sistema de corrupção impune durante anos.  O modelo implantado no Brasil pelo atual governo inviabiliza a democracia, no momento em que subordina a maioria venal do Congresso ao Executivo, através da aquisição da maioria por meio de práticas como as agora reveladas.

O atual governo só se mantém de pé porque o povo não compreende o que está acontecendo.

As revelações da geóloga da Petrobras, Venina Velosa da Fonseca, colocaram mais combustível na fogueira que fustiga o governo. Ela revelou ao jornal Valor Econômico  velhos e-mails enviados para Graça Foster e à toda a diretoria da empresa sobre a corrupção que a Lava Jato posteriormente revelou.

Há mais: por trás de um suspeito movimento de que o país não pode parar e uma suspeita defesa contra o “desemprego” que se seguiria a paralização de obras em andamento, devido à uma inevitável inabilitação das maiores empreiteiras de atuarem devido ao envolvimento de alguns de seus integrantes em trapaças que as levaram a conquistar as obras, já há detecção de movimentos de interessados em herdar tais empreendimentos no ramo lucrativo da construção pesada. É bom ficarmos atentos…

Uma coisa é certa: talvez estejamos próximos de uma revolução no sistema prisional. Não é exagero supor que em breve, as próprias empreiteiras terão interesse em melhorar os projetos das cadeias. Quem sabe, até mesmo incorporando as melhores soluções encontradas nos condomínios fechados à beira mar.  

 

Enio Meneghetti

http://exame.abril.com.br/mercados/noticias/valor-do-titulo-da-divida-da-petrobras-despenca

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