texto publicado na edição de hoje do Diário de Cachoeirinha
“Há duas semanas neste mesmo espaço, no artigo “Delação de Youssef” prevíamos a capitulação do doleiro preso.
Naquela ocasião lembrávamos que a grande dificuldade para que Alberto Youssef tentasse o instituto da delação premiada encontrava-se na resistência de seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Porque o número estimado de clientes de Kakay engolidos pelo escândalo é estimado em mais de vinte. Foi exatamente o que aconteceu. Youssef trocou de advogado e partiu para a negociação do benefício em troca da suavização da pena.
Era lógico que assim ocorresse por dois motivos: o primeiro é que com a delação de seu companheiro de trapaças Paulo Roberto Costa – o “Paulinho” – como o tratava Lula, a situação de Yousef ficaria ainda pior. O segundo motivo, é que, na terra em que Celso Daniel foi morto, sua vida – a de Youssef – passaria a valer bem pouco, como arquivo vivo que é. Falando, cessa qualquer motivação para que essa remota possibilidade pudesse ocorrer.
Avançando no raciocínio, podemos refletir mais um pouco: ora, “Paulinho” já negociou sua delação premiada. Fez revelações cuja pequena parte vazada na imprensa já mostrou o poder arrasa quarteirão do escândalo da Petrobrás. Com tais revelações, Costa já obteve inclusive o benefício de cumprir a pena em casa, com a prisão domiciliar. Indício do tamanho e gravidade das revelações.
Pois bem, para Youssef receber o benefício também, obviamente irá muito além do que Costa já revelou. É um caso colossal de corrupção nas entranhas da maior estatal brasileira.
E assim chegamos ao I turno das eleições. Sabe-se que as revelações dos dois criminosos que faziam parte de uma grande associação criminosa fraudou enormemente a Petrobrás. A ex ministra de Minas e Energia, ex presidente do Conselho da estatal, expert na área, ex Chefe da Casa Civil e atual postulante a um segundo mandato presidencial, sem dúvida, por ação ou omissão, certamente deverá estar mencionada nessas revelações. No mínimo como uma pessoa bem desatenta… E o Brasil vai às urnas sem conhecer o teor das graves revelações. É surreal.
Em qualquer país medianamente sério ou politizado, uma situação como a descrita, imediatamente inviabilizaria qualquer possibilidade de êxito da atual mandatária na corrida eleitoral.
E o que chega a ser cogitado por alguns é a possibilidade de êxito – remota – dela já no primeiro turno!
A previsão dos procuradores encarregados do caso é que o doleiro Youssef tem revelações de muito maior impacto do que as denúncias de Paulo Roberto Costa – que Lula chamava, carinhosamente, de “Paulinho”. No entanto, a cúpula de marqueteiros da campanha petista acha que as revelações da operação Lava Jato não afetarão o desempenho de Dilma no curto prazo, seja no primeiro ou no segundo turno eleitoral.
Se isso ocorrer mesmo, teremos provavelmente durante os próximos quatro anos alguém no poder repetindo o mantra “eu não sabia”, enquanto o país tem ainda a possibilidade entrar o ano seguinte em uma grave recessão.
Merecemos isso?”
Enio Meneghetti
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Tags: "eu não sabia", "Paulinho", Associação criminosa, delação premiada, Dilma, escândalo na Petrobrás, ex ministra, Kakay, Lula, Paulo Roberto Costa, Petrobrás, Petrolão, Youssef
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