DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS? 

Entre o envio para o jornal e a publicação, este artigo perdeu parte da atualidade. Romero Jucá caiu. Devia ter saído imediatamente. Aliás, não deveria nem ter sido nomeado. Mesmo assim, nos serve de lição. Se o governo deseja, quer e precisa da confiança da população, não é nada bom passar por esse tipo de episódio. Isso não precisava ter acontecido, pois era previsível. 

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O governo provisório de Michel Temer ainda está em observação.

Percebia-se até a manhã de segunda feira preocupação em contar com o apoio da opinião pública.

A divulgação cuidadosa do rombo orçamentário recorde de R$ 170,5 bilhões foi realizada sem grande estardalhaço. Aguardam-se ainda os levantamentos de auditorias nas estatais.

Enquanto o país já estranhava uma aparente falta de novidades no âmbito da Operação Lava Jato, mesmo que o ministro Teori Zavascki ainda que não tenha ainda devolvido para Curitiba o  processo referente ao triplex e o sítio,  o relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal anexou mais provas no inquérito que apura a participação de Lula na tentativa de subornar Nestor Cerveró.

Também o juiz Sérgio Moro vinha da apresentação da sentença que condenou José Dirceu 23 anos e três meses de prisão.

Em meio ao andamento das apurações,  não é que o Brasil foi despertado na segunda feira com a notícia de uma gravação feita por mais um candidato a delator premiado com o novo ministro do Planejamento, Romero Jucá?

Não é hora para dois pesos e duas medidas.

Deve ser afastado de imediato, sob pena de um governo interino cair em descrédito antes mesmo de dizer a que veio, ainda em meio ao processo de impeachment da titular.

É inadmissível que se tenha chegado até aqui, tenha-se vivido e visto tudo o que ocorreu, a enorme mobilização da sociedade, para chegarmos a situação minimamente comparável`com a anterior.

Sem vacilação, ele deve ser afastado já. Imediatamente.

Não se trata de prejulgamento, mas é inconcebível que pairem dúvidas sobre a idoneidade de um governo que mal começa, no momento em que o país tenta acreditar que um processo de passar a limpo sua história começou. Não permitam isto!

A operação Lava Jato desempenha papel crucial no sentimento anticorrupção que finalmente (e felizmente!) tomou conta do povo brasileiro.

Nenhum governo pode dar-se o direito de destruir as esperanças de um país mantendo no cargo um ministro exposto da forma como foi Romero Jucá. 

Enio Meneghetti   

artigo publicado no jornal “Correio de  Cachoeirinha”, edição de 24/05/2016

 

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