Os Nós do Trânsito (01)
A cada dia mais as pessoas que moram em Porto Alegre tem reclamado dos crescentes problemas de trânsito.
E o que se vê é muito discurso e pouca ação das autoridades encarregadas de gerenciar o problema.
Para começar, abusando do marketing, trânsito virou “Mobilidade Urbana”.
Ora, trânsito é TRÂNSITO! Onde andam todos, sejam pobres ou ricos, pedestres ou motorizados, carros, ônibus, caminhões ou motocicletas.
Muitos dos nós existentes poderiam ser resolvidos com intervenções bem simples.
Por exemplo, o problema de fechar os cruzamentos, quando muda o sinal. Especialmente quando o trânsito está engarrafado, os motoristas, levados ao desespero, param ou deixam o “rabo” do carro na área do cruzamento de vias, quando o sinal fecha, impedindo que o tráfego da outra rua avance e aí tudo pára, agravando o problema. A prefeitura se faz de cega e não age. E a solução seria simples.
Em vez de gastar uma fortuna em publicidade de “um novo sinal” (o sinal da mão que por sinal não deu certo), a prefeitura podia ter melhor empregado estes recursos com um bom programa de educação para o trânsito. No entanto, só confundiram a cabeça de motoristas e pedestres para criar algo que já está na legislação de trânsito (e que é privativa do CONTRAN!). Preferiram jogar pedestres x motoristas e ficar assistindo mais um capítulo do caos.
Ora, e por que não deu certo? Se alguns motoristas, que são habilitados, não conhecem direito as regras de trânsito e confundem-se com o “novo sinal”, imagine o pedestre! Sim, porque com essa medida, a ação de nossas autoridades foi delegar ao pedestre – que não estudou necessariamente a legislação de trânsito e não tem obrigação de saber que o sinal só vale nas esquinas onde não tem sinaleiras – a tarefa de sinalizar o tráfego! A confusão está instalada.
Pensando estrategicamente, educação para o trânsito deveria ser matéria do currículo escolar. Crianças com 10 ou 14 anos, em pouco tempo serão os futuros motoristas. Aulas atrativas e interessantes poderiam mudar o quadro de (maus) motoristas que temos hoje, preservando vidas e com um trânsito fluindo melhor.
Mas justiça seja feita, essa má prática de fazer marketing com trânsito não foi iniciada na atual gestão. Isso foi lançado entre nós pela auto proclamada “Administração Popular”. Eles cunharam e abusaram da frase:
“Não vamos privilegiar o transporte individual”. – chegando ao ponto de Raul Pont culpar FHC pelo já caótico trânsito de Porto Alegre, porque facilitava a compra de automóveis – isso há mais de 10 anos.
E fizeram de tudo para dificultar a vida dos pobres coitados que podiam se dar ao luxo (?) de andar de automóvel. Como se os ônibus também não andassem no trânsito, ou se automóvel fosse luxo de ricos e para poucos, como se não existissem milhares de profissionais autônomos ou não, que dependem de um automóvel para deslocar-se para trabalhar. Ou como se pessoas de menor poder aquisitivo não tivessem carro e as frotas de empresas não se deslocassem para ajudar a engordar o PIB e gerar impostos e riqueza para ser desperdiçada em más políticas de toda ordem.
Para começar, afunilaram os cruzamentos, com aquelas tartarugas refletivas pregadas no chão que existem nas esquinas e fazem com que um só carro atravesse por vez. Aquilo foi feito para criar engarrafamentos e o tráfego fica realmente com a rapidez de tartarugas.
Conduziram também obras intermináveis como a III Perimetral, onde o viaduto da Carlos Gomes x Nilo Peçanha chegou a ficar paralizado mais de 6 meses após levarem à falência a empreiteira encarregada da obra. Porto Alegre ainda aguarda por obras planejadas no governo Vilella. A III Perimetral é ainda de antes daquele tempo. Aliás foi o último prefeito digno de ser assim chamado, pois pensou e planejou a cidade. Os outros foram meros remendões.
Igualmente a passo de tartaruga foi a reforma do viaduto da João Pessoa, junto a Faculdade de Direito da UFRGS.
E aquele túnel com “rotatória aérea”, na Protásio com Carlos Gomes, obra faraônica da Administração Popular, (aliás, nem dá para chamar de faraônica, porque as obras dos faraós funcionavam e, principalmente, duravam) que poderia, sozinha, ter suprido os recursos para construir os viadutos que ficaram faltando.
A Sertório, que nunca havia engarrafado até o dia em que botaram lá aquele corredor tão ocioso como é o da mencionada – e permanentemente engarrafada – III Perimetral – a obra que nasceu velha e ultrapassada.
Então, como o assunto é amplo, vamos abordá-lo um-a-um, nos próximos posts:
O novo sinal; o hábito de fechar cruzamentos; os nós localizados; o estreitamento de vias; a necessidade de mais espaços de estacionamento; a praga que são alguns serviços de manobristas ou ‘valet’, que atuam no meio da rua; os “tranca-rua” e aí por diante.
Sugestões ou críticas, serão muito bem vindas.
Tags: Administração Popular, engarrafamento, III Perimetral, marketing de trânsito, Novo Sinal, obra faraônica, os nós do trânsito, Porto Alegre, prefeitura, trancar cruzamentos, trânsito
29 de junho de 2011 às 23:31 |
Perfeito. Outro dia eu andava pela Borges, altura do prédio do IPERGS, quando uma camionete daquelas de 2 metros de altura parou no meio da rua para um idoso atravessar. Muito bonito o gesto daquele motorista, mas como sua camionete tinha vidros escuros, totalmente pretos (e ilegais), eu quase não vi o senhor que atravessava a rua onde não havia faixa. Por pouco não acontece uma tragédia. Não se pode brincar com trânsito. Essa medida é um perigo. Vejo a toda hora pessoas confusas parando no meio da rua em qualquer lugar.
30 de junho de 2011 às 0:23 |
Os dois prefeitos que tinham visão de futuro foram o Loureiro da Silva, em cuja administração projetou as 04 perimetrias para POA e, depois o Thompson Flores que construiu o tunel da Conceição e as elevadas existentes na Capital. A visão de todos os outros foram os cofres do municipio. A construção da 3ª Perimetral, sem as elevadas previstas deveria ser motivo de reponsabilização dos prefeitos que modificaram a obra para pior, pois sabidamente terão que serconstruidos (Critovão Colombo, Plinio Brasil e Bento Gonçalves projetados a época, mas há necessidade de mais um na Anita Garibaldi e na Ipiranga) A obra foi um transtorno de vários anos, que impactou todo o trânsito da cidade, imaginem agora repisar as obras e os transtornos delas decorrentes, com o trafego já existente em demasia. Irresponsáveis estes administradores, que deveriam ir para a cadeia e jamais voltar ao cenário político, mas os pilantras voltam e o povo vota nestes irresponsáveis de todos os partidos. Enquanto isto eles estão de bolsos cheios e vão passear no exterior para cuidar das propinas que lá ficam depositadas. Este nosso POVO é sofredor porque quer ou porque é tão ordinário quantos os que receberam seus votos. A EPTC e a SMOV são a turma do funil e administram a cidade como se ela não tivesse futuro e encolhesse diariamente. Absurdos se constata a hora que quiserem no planejamento de trânsito. O nosso mapa do transito e do sentido das vias da Capital foi realizado na decada de 70/80 pelo engenheiro especialista em trânsito,Severo Dullius. Tudo com quase uma década de existência. Por favor reflitam o que é POA e comparem com cidades que possuem administradores de visão e só comprometidos com o interesse público.
30 de junho de 2011 às 18:49 |
Concordo inteiramente contigo Enio! A situação do trânsito em Porto Alegre, se encontra insustentável, caótica, não sei onde vamos chegar. Abraços Marilí.
30 de junho de 2011 às 23:53 |
Muitos veículos e poucas ruas.Acho que se tivéssemos um transporte público de primeiríssima poderíamos melhorar um pouco a situação. Teríamos que ter centenas de Vans gratuitas andando por toda a cidade. Poderiam ser tirados milhares de automóveis de circulação. As pessoas não usam o ônibus porque sempre estão lotados, demoram, correm demais, nunca estão limpos, fazem apenas alguns trajetos, não são cômodos, não são seguros.. O portoalegrense gosta de andar no seu carro. A cidade de Porto Alegre é afunilada. Pouca chance de resolver o problema como um todo. Ficaremos os próximos cem anos buscando soluções que não existem, a não ser paliativas, momentâneas.