A Desistência de Pont

O fato político do dia aqui na aldeia foi a desistência do deputado Raul Pont em disputar a indicação para concorrer a prefeito de Porto Alegre.

A coluna da jornalista Rosane Oliveira hoje destaca que seu objetivo principal foi atingido. Era impedir o PT de abrir mão da candidatura própria “como queria a direção nacional”. Diz mais: “Sua candidatura nasceu para contestar quem dizia que o PT deveria indicar o vice de Manuela D’Avila ou José Fortunatti”.

 

Aí é que está o ponto. Estamos então perto da situação de partido único. Fortunatti e Manuela estavam ávidos por conquistar o apoio petista, defendido pela direção nacional. O famoso José Dirceu chegou a vir a Porto Alegre para encontrar-se discretamente com o governador Tarso Genro para advogar o apoio a Fortunatti. Reuniu-se também com o atual prefeito. E ninguém fala nada! Onde está a oposição? O PMDB local, que faz um discreto barulhinho em contraponto a Tarso Genro, ocupa com o deputado Mendes Ribeiro Filho importante pasta no ministério, nada fala.

A tal “base aliada” de Fortunatti na Câmara de Vereadores, composta de ferrenhos adversários dos petistas, faz cara de paisagem. O PP não deveria se manifestar sobre o flerte do Prefeito com o PT? Mas o que é isso? Onde está a tão proclamada “politização” dos gaúchos nessa hora, onde o adesismo e a disputa por cargos falam mais alto que a coerência e o histórico? Como esperar que com um quadro fisiológico destes o eleitor, o contribuinte, o cidadão, seja representado dignamente?

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6 Respostas to “A Desistência de Pont”

  1. Carlos Eduardo da Maia Says:

    Algo diferente está acontecendo com a esquerda gaúcha. A retirada da candidatura do Raul Pont, da Democracia Socialista, ala mais à esquerda do PT, à prefeitura de Porto Alegre, é sinal dessa mudança. O PT, então, vai escolher o pseudo moderado Adão Vilaverde, atual presidente da Assembléia.

    Vislumbro nessa mudança de rumo ideológico as mãos do governador Tarso Genro que pratica em seu governo as mesmas políticas que tanto foram criticadas pelo PT de outros tempos. E isso é muito bom. Isso é bom demais.

    Cito algumas:

    A) A implantação da meritocracia no ensino médio e fundamental, política que a direção do CPERS, encabeçada pela Sra. Rejane Oliveira, rejeita, porque insiste em defender a manutenção de um Plano de Cargos e Salários da época — vejam só — do ex governador Amaral de Souza da ARENA.

    B) A preparação dos alunos para o mercado de trabalho, aproximando os alunos do ensino médio e fundamental das empresas. Certa esquerda acha que o aluno deve ser formado exclusivamente para uma cidadania políticamente correta no sentido de adquirir consciência crítica para protestar contra a ‘exploração’ do capital.

    C) A assinatura do contrato com os espanhóis que venceram a licitação do projeto Cais Mauá no governo Yeda e a imissão na posse dessa área nobre da capital para que a iniciativa privada faça ali benfeitorias para o povo de Porto Alegre e RS.

    Sinal dos tempos? Espero que sim. Rezo todos os dias para que o ranço ideológico que sempre dividiu o Rio Grande do Sul seja coisa do passado. E que, finalmente, estejamos partindo para uma nova fase.

    • Enio Meneghetti Says:

      Caro Carlos Eduardo: Muito obrigado pelo comentário. É bom ser otimista, mas infelizmente eu não consigo compartilhar do mesmo sentimento, neste caso. Não creio que troca de afagos entre políticos de diferentes partidos possa trazer alguma coisa (verdadeiramente) de bom para quem realmente interessa: os contribuintes, que são os que pagam a conta. Em qualquer democracia o papel da oposição é fundamental para que ela realmente exista. Ser favorável a projetos importantes e necessários não é virtude. É obrigação. Criticar, questionar, fiscalizar é papel de oposição. Se esse papel não for exercido, corremos o risco de ter aqui um “chavismo gaudério” , onde a posoição não existe. Vide Venezuela. Unanimidade entre as diferentes correntes ideológicas aqui no RS ou no Brasil? Só se for por interesse. E aí o que parece bom, na realidade, é mau.
      Não posso acreditar que possa vir algo de bom onde exista o interesse do senhor Zé Dirceu. Veja o post “Que Apoio” de 31 de agosto passado. Um abraço.
      Enio

  2. José Alexandre Pandolfo Says:

    Enio, me desculpe os termos, mas o que vai mudar neles é só a mosca.
    Abs
    Pandolfo

  3. Aguinaldo Pereira dos Santos Says:

    O país inteiro está dominado, parece que tudo estava a venda mas só o PT se deu conta. Vivíamos a ilusão de sermos bons e honestos, mas Lula desnudou a verdadeira cara da política brasileira praticando tudo aquilo que seu partido dizia combater. Estudou tanto as práticas de corrupção e clientelismo com a desculpa de combatê-las que aprimorou quase a perfeição. Mas a desonestidade está no PT ou naqueles que se vendem? Nos dois, mas qual tem que refugar a bandeja da droga em primeiro lugar? As instituições estão fracas e corroídas pelos interesses corporativos. Quem não faz parte de uma corporação de serviço público está sem representação, uma espécie de pária, escravo, que só serve para pagar o butim da nobreza instalada nessa nova ordem tupiniquim.

    • Enio Meneghetti Says:

      Aguinaldo, obrigado pelo ótimo comentário. A linha de seu raciocínio é a mesma explorada no livro “O Que Sei de Lula”, de José Nêumane Pinto. Nele o autor, que como jornalista acompanhou a trajetória de Lula desde os 1975 no abc paulista, chega a conclusões muito próximas do que abordas. Veja um entrevista com ele no post “Entrevita Bombástica” de 15/09. Abraço.
      Enio

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