Tenho um amigo que é o feliz proprietário de um carro sueco Volvo. Marca excelente, considerado o carro mais seguro do mundo.
Mas como todo o automóvel, eventualmente apresenta algum problema. Neste caso foi uma pequena irregularidade no funcionamento do motor. Como o proprietário é engenheiro e gosta do assunto, dedicou-se a pesquisar pessoalmente o que estava ocorrendo. Contatou-se que um dos bicos injetores dos cinco cilindros estava enviando uma quantidade maior de combustível que os demais, o que ocasionava o funcionamento irregular. Bastaria portanto, substituir o bico avariado. Uma peça do tamanho de um isqueiro BIC. Melhor seria a substituição dos cinco bicos. Segundo cotação realizada na Volvo do Brasil, os bicos, no mercado brasileiro, custavam aproximadamente R$ 700/cada – ou seja, R$ 3.500,00 os cinco.
Para tirar a dúvida, nosso amigo resolveu consultar o site internacional de compras E-Bay. E lá encontrou os cinco bicos por apenas US$ 260, mais US$ 34 de frete. Uma diferença absurda, favor do consumidor, onde pagando um, ele levaria os cinco bicos…
Até aqui, nenhuma novidade. Todo o mundo sabe a taxação estratosférica que qualquer produto “importado” para o Brasil paga.
A surpresa veio 15 dias depois, quando o produto chegou. Veja a foto. O produto tinha na embalagem a inscrição MADE IN BRAZIL. Fabricado pela BOSCH brasileira.
É aquela política terrível de, como brasileiros, não termos acesso a certos produtos. São apenas “for export”. Ridícula intervenção do Estado na Economia.
Num momento em que o país é sacudido de Norte a Sul com o grito de “NÃO AGUENTO MAIS!” , trago mais este ingrediente a pauta de cretinices a que os brasileiros são submetidos diariamente.
Em plena era da globalização somos uma ilha de explorados economicamente como se tivéssemos os portos (ou os olhos) fechados a produtos das “nações amigas”, como se dizia muito antigamente. E o pior, é que o produto é fabricado aqui, mas não está à disposição dos nativos, nós. Isso é coisa de governos de países TOTALITÁRIOS.
Esta é mais uma entre as várias formas pelas quais somos roubados pelo governo. Uma vergonha.
Tags: bicos, Bicos Injetores, Bosch, e-bay, Intervenção do Governo na Economia, only for export, produtos para exportação, Volvo
12 de julho de 2013 às 0:07 |
Algumas velas BOSCh ão feitas na BAHIA e so são encontradas no exteriorlucecar.roberto@gmail.com
12 de julho de 2013 às 21:43 |
Em Cuba também é assim. Somente os turistas tem acesso a determinados produtos ou serviços. Parece piada, mas é real!
12 de julho de 2013 às 2:23 |
Caro Enio,
Este artigo está fantástico. Gostaria muito de republica-lo em meu site, dando os devidos créditos é claro. Meu site é versa exclusivamente sobre assuntos relacionados a automóveis. Além de enriquece-lo a publicação serviria para divulgar este tema que precisa ser “espraiado” para que o maior número de pessoas tome conhecimento dele. Aguardo ansiosamente uma resposta. Se não quiser dá-la por aqui faça-o para meu e-mail
Grande abraço
Paulo Fernando Torelly Cruz
12 de julho de 2013 às 21:40 |
Paulo, muito obrigado pelo comentário. Claro que pode republicar o artigo, sim. E nos passe o endereço de seu blog para acompanharmos.
Abraço!
Enio
17 de julho de 2013 às 12:38 |
Caro Enio .
Construí, durante 26 anos, uma coleção que conta hoje com 188 rádios valvulados, perfazendo um intervalo histórico de 1922 a 1960.
Para organizá-los num Museu, adquiri um apartamento no Bairro Menino Deus, onde estão catalogados e expostos a visitação gratuita.
Nada vendo. Foram e continuam sendo anos de gastos e conquistas no intuito único de preservar a história do rádio antigo.
Um detalhe único: absolutamente todos os rádios que entram em exposição funcionam perfeitamente conforme os esquemas originais.
Para tanto restaurei e restauro cada um deles, tendo, por vezes, que importar válvulas.
Há poucos dias, trabalhando num receptor Weconomy , fabricado por Westing Electrical na Inglaterra em 1924, precisei comprar duas válvulas 215A . Para tanto, fiz a aquisição através do Howard Stone, antigo radiófilo e amigo estadunidense. As válvulas são peças raríssimas, posto terem sido fabricadas logo após o início da fabricação comercial das primeiras válvulas , no torno de 1919. O preço total, incluído os custos com o envio, foi de US$ 133.65 o que equivale aproximadamente a 307 reais.
Qual foi a minha estupefação ao receber o aviso dos Correios: deveria pagar impostos, no montante de 177 reais a título de “Imposto de Importação” acrescidos de 97 reais sob a pecha de “ICMS”…
Mesmo elidindo o fato de que realizo um trabalho sem fins lucrativos – com enormes gastos – para preservar e resgatar a saga dos primeiros receptores nacionais e estrangeiros que aqui chegaram, estas válvulas 215A não são fabricadas há 80 anos, constituindo equipamentos absolutamente inexistentes no País e quase extintas no mundo.
Paguei e refleti.
Talvez seja a contraprestação que uma sociedade e legislação hipócritas dão a tantos que desejam fazer um trabalho sério no Brasil
Daltro D’Arisbo
http://www.museudoradio.com
Porto Alegre
15 de agosto de 2013 às 1:25 |
É realmente uma vergonha. A única cultura que o governo fornece é ensinar crianças pobres a tocar berimbau e bater em bumbos. E quando alguém tenta fazer um trabalho cultural admirável como o seu, além de não apoiar ainda atrapalha. Lamentável. Mas parabéns pela sua iniciativa e seu trabalho. Realmente admirável. Quando tiver a oportunidade de visitar Porto Alegre gostaria muito de conhecer sua coleção. Não entendo muito de rádios, mas aprecio muito o cuidado e restauro de objetos antigos e clássicos. Você mantém uma parte fundamental da história de toda nossa tecnologia viva!
16 de agosto de 2013 às 1:42
Quando vier a POA, queira agendar uma visita entrando no site http://www.museudoradio.com Na Home, mande um recado clicando em CONTATO. É um prazer, além de gratuito!
15 de agosto de 2013 às 11:33 |
da próxima vez, peça para o seu amigo lhe enviar o correio com uma carta “Happy birthday my friend! I wish you well and blah blah, here follows your gift”
Por se tartar de presente diminui a chance de taxação.
16 de agosto de 2013 às 1:43
Boa dica! Grato.
26 de julho de 2013 às 17:20 |
Caro Enio, seu artigo é bem interessante mas a conclusão é equivocada….não há restrições para um produto ser direcionado para o mercado interno no Brasil. O que existe são incentivos á exportação. Essa peça, se fosse direcionada ao mercado interno, provavelmente teria preço bem próximo ou menor do que o do e-bay. A taxação em nosso país realmente é alta mas o maior motivo de pagarmos preços tão altos por tantas coisas considerada supérfluas é a ganância dos empresários tupiniquins. Vender carros novos no Brasil gera lucros estratosféricos e não vai ser a Volvo que vai quebrar esse monopólio, sob pena se ser “expurgada” do mercado.
Abs,
Alekxander
15 de agosto de 2013 às 14:56 |
Este fato me faz lembrar que há algum tempo atrás, a Argentina importava madeira do Brasil e manufaturava a mesma e nos vendia maçãs em caixas de madeira brasileira, é claro que cobrando o produto.
16 de setembro de 2013 às 20:32 |
Um filme novo que “trata” desse assunto de forma maestral. Assistam! Os links pra baixar estão lá!
17 de setembro de 2013 às 23:44 |
Nosso governo não se difere em nada da yakusa ou ou máfia italiana, é uma quadrilha envolvendo até muitos empresários! Sabe quando isso acaba?? Numca!