Na quarta-feira 25/04 o Hiltor Mombach publicou em sua coluna na penúltima página do Correio do Povo trecho de “Baile de Cobras” onde fala na dívida do Inter quando Ildo Meneghetti assumiu a presidência do clube em 1929.
Foi o que bastou para que um leitor anônimo, intitulando-se “gremista”, postasse um comentário no blog do jornalista, de teor calunioso, acusando Meneghetti de, como governante, ter doado “ilegalmente” áreas públicas ao clube.
Na edição deste domingo, o Hiltor Mombach gentilmente publicou em sua coluna no Correio, a verdade dos fatos. Segue o teor da matéria:
CORREIO DO POVO
ANO 117 Nº 212 – PORTO ALEGRE, DOMINGO, 29 DE ABRIL DE 2012
Doação de Ildo Meneghetti, a lenda
Por Enio Meneghetti
“O Hiltor perguntou-me sobre o capítulo que teria ficado faltando em ”Baile de Cobras”, a biografia de Ildo Meneghetti.
Que trataria da lenda difundida pelos gremistas de que Meneghetti como governador teria doado uma área pública para o clube construir o estádio Beira-Rio.
Respondo dizendo que não está no livro porque isso nunca aconteceu. É mesmo lenda. A doação da área foi uma iniciativa do vereador e várias vezes dirigente do Inter, Efraim Pinheiro Cabral. Tratava-se de uma área a ser aterrada do Guaíba, que foi objeto de um projeto apresentado pelo então vereador e aprovada pela Câmara Municipal – se não me falha a memória – com apenas um único voto contrário. Isso ocorreu em 1956 e o projeto aprovado foi sancionado pelo prefeito, que era Leonel Brizola.
Posteriormente, o grande colorado Telmo Thompson Flores, diretor do DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento), conseguiu uma draga utilizada na retificação do arroio Dilúvio, para aterrar uma ”orelha” no Guaíba, que é onde o estádio encontra-se assentado. Claro que o clube pagou ao DNOS. Portanto, a área doada ficava debaixo d”água, daí as piadas sobre a venda de ”Boias Cativas” para financiar a construção.
Mas de fato, quando Meneghetti era governador, em 1956, foi procurado pela direção do Inter para ajudar a resolver o problema do novo estádio. Ele respondeu que não poderia, por achar-se eticamente impedido, como ex-presidente do clube. Ajudaria até como pessoa física, como de fato ajudou, contribuindo financeiramente com seus próprios recursos no esforço para construção do estádio.
Agora, se os gremistas realmente difundem isso, seria bom que conhecessem a história de como o patrono do Inter, quando prefeito de Porto Alegre, ajudou o Grêmio a conseguir a área onde está o Olímpico. Isto sim, está no livro.
Procurado pelo excelente presidente gremista Saturnino Vanzelotti, às voltas com a falta de espaço para ampliação do Estádio da Baixada dos Moinhos de Vento, o prefeito Meneghetti mandou para a Câmara (que aprovou) um projeto que permutava a área da baixada, que hoje é parte do leito da II Perimetral, pela área destinada a um futuro ”Estádio Municipal” na avenida Carlos Barbosa. Como governante, ao Grêmio ele poderia ajudar, mas não Inter, pois seria misturar interesses pessoais (e para ele o Inter era um interesse pessoal) com interesses públicos.
E tanto o Inter era assunto pessoal para Meneghetti, que, ao assumir o clube em 1929, em vias de ser liquidado, absolutamente endividado, sem campo para jogar, (a Chácara dos Eucaliptos havia sido vendida), Meneghetti comprou uma área de propriedade do Banco Nacional do Comércio assumindo na pessoa física os riscos da operação. Colocou uma fortuna do próprio bolso para a construção dos Estádio dos Eucaliptos, jamais misturando negócios privados com públicos, mesmo com enorme desembolso particular.
Tudo isto está detalhado no livro.”
Hiltor Mombach
hiltor@correiodopovo.com.br
30 de abril de 2012 às 3:45 |
Caro Enio, me questiono se você presenciou tudo o que está contando com tanta propriedade.
Senão, os fatos se transformam em histórias. Histórias não são imparciais, não estão isentas e são revestidas de implicações do historiador.
Dito isto, o fato de estar ou não estar no livro faz pouca diferença: não vejo as histórias contadas nas ruas como menos verdadeiras do que as contadas no livro.
Enfim: histórias, fatos, historiador e implicações. Acho que deu para captar o recado.
Um abraço.
30 de abril de 2012 às 15:24 |
Caro (?): Conforme consta já na orelha de “Baile de Cobras”, o eixo central do livro foram fatos que me foram narrados pelo próprio biografado. IM faleceu quando eu tinha 23 anos. A partir das histórias que me relatou há muitos anos, fiz a pesquisa documental, procurei outras pessoas que viveram os fatos que constam no livro além da óbvia pesquisa na imprensa da época. Os fatos que coloco (e assino) são de minha responsabilidade. Se você prefere duvidar por não ouvi-los nas ruas, tudo bem. Afinal, ouve-se tanta bobagem por aí… Essa foi uma das principais razões que me levaram a escrever “Baile de Cobras”. Depois de ler a obra, por favor, diga-me exatamente com o que não concorda e aí poderemos ir mais a fundo.
Um abraço. Enio Meneghetti