Neste momento, enquanto estamos assistindo diariamente uma enxurrada de matérias sobre o “caso Palocci”, vale a pena analisar o caso a partir de seu início, através do conteúdo deste texto, que faz um paralelo entre as diferenças entre o episódio da camareira e o diretor do FMI, acontecido nos EUA e a série de eventos envolvendo nosso compatriota.
Porém, é importante não esquecer : o perigo de cair Palocci é entrar em seu lugar alguém de reputação duvidosa.
A arte é cortesia de: djohn@ig.com.br – (ver lista de blogs indicados)
O autor do texto é desconhecido. Vejam:
O CASEIRO DO PIAUÍ E A CAMAREIRA DA GUINÉ
Nascido no Piauí, Francenildo Costa era caseiro em Brasília. Em 2006, depois de confirmar que Antonio Palocci frequentava regularmente a mansão que fingia nem conhecer, teve o sigilo bancário estuprado.
- Nascida na Guiné, Nafissatou Diallo mudou-se para Nova York em 1998 e é camareira do Sofitel desde 2008. Domingo passado, enquanto arrumava o apartamento em que se hospedava Dominique Strauss-Kahn, foi estuprada pelo diretor do FMI e candidato à presidência da França.
Consumado o crime em Brasília, o culpado absolvido liminarmente acusou a vítima de ter-se beneficiado de um depósito irregular no valor de R$ 30 mil. Por duvidar da palavra do caseiro, a Polícia Federal resolveu interrogá-lo até admitir, horas mais tarde, que o dinheiro fora enviado pelo pai do jovem detido por dizer a verdade.
- Consumado o crime em Nova York , a direção do hotel chamou a polícia, que ouviu o relato de Nafissatou. Confiantes na palavra da camareira, os agentes da lei localizaram o paradeiro do hóspede suspeito e conseguiram prendê-lo dois minutos antes da decolagem do avião que o levaria para Paris ─ e para a eterna impunidade.
Até depor na CPI dos Bingos, Francenildo, hoje com 28 anos, não sabia quem era o homem que vira várias vezes chegando de carro à “República de Ribeirão Preto”. Informado de que se tratava do ministro da Fazenda, esperou sem medo a hora de confirmar o que dissera em depoimentos na polícia e na Justiça. Nunca foi chamado. Na sessão que julgou o caso, dispensaram ouvi-lo. Decidiram que Palocci não mentiu e engavetaram a história.
- Depois da captura de Strauss, a camareira foi levada à polícia para fazer o reconhecimento formal do agressor. Só então descobriu que fora estuprada por uma celebridade internacional. A irmã que a acompanhava assustou-se. Nafissatou, muçulmana de 32 anos, disse que acreditava na Justiça americana. Embora jurasse que tudo não passara de sexo consensual, o acusado foi alojado numa cela.
Na quinta-feira passada, Francenildo completou cinco anos sem emprego fixo. Palocci completou cinco dias de silêncio: perdeu a voz no domingo, quando o país soube do milagre da multiplicação do patrimônio. Pela terceira vez em oito anos, está de volta ao noticiário político-policial.
- Enquanto se recupera do trauma, a camareira foi confortada por um comunicado da direção do hotel: “Estamos completamente satisfeitos com seu trabalho e seu comportamento”, diz um trecho. Nesta sexta-feira, depois de cinco noites num catre, Strauss pagou a fiança de 1 milhão de dólares para responder ao processo em prisão domiciliar. Até o julgamento, terá de usar uma tornozeleira eletrônica.
Livre de complicações judiciais, Palocci elegeu-se deputado, caiu nas graças de Dilma Rousseff e há quatro meses, na chefia da Casa Civil, faz e desfaz.. Atropelado pela descoberta de que andou ganhando pilhas de dinheiro como “consultor”, tenta manter o cargo. Talvez consiga: desde 2003, não existe pecado do lado de baixo do Equador. O Brasil dos delinquentes cinco estrelas é um convite à reincidência.
- Enlaçado pelo braço da Justiça, Strauss renunciou à direção do FMI, sepultou o projeto presidencial e é forte candidato a uma longa temporada na gaiola. Descobriu tardiamente que, nos Estados Unidos, todos são iguais perante a lei. Não há diferenças entre o hóspede do apartamento de 3 mil dólares por dia e a imigrante africana que cuida de arrumá-lo.
Altos Companheiros, há décadas, recitam de meia em meia hora que o Grande Satã ianque é o retrato do triunfo dos poderosos sobre os oprimidos. Lugar de pobre que sonha com o paraíso é o Brasil. O caseiro do Piauí e a camareira da Guiné berram o contrário.
- Se tentasse fazer lá o que faz no Brasil, Palocci teria estacionado no primeiro item do prontuário. Se escolhesse o País do Carnaval para fazer o que fez nos Estados Unidos, Strauss provavelmente sairia muito mais fácilmente que Battisti. O azar de Francenildo foi não ter tentado a vida em Nova York.
- A sorte de Nassifatou foi que seu caso não aconteceu aqui, onde se castiga quem comete o pecado de dizer a verdade.
7 de junho de 2011 às 22:20 |
E aí? Vai ficar por isso mesmo? É só sair e pronto?
7 de junho de 2011 às 22:38 |
Enio, se o Palocci prestava consultoria sobre assuntos de medicina tudo bem. Se outros assuntos eram reservados para seus ouvintes então só poderiam estar falando sobre assuntos e informações governamentais.Isto é crime. O dinheiro arrecadado deverá ser devolvido, os lucros obtidos pelos ouvintes também.
Abç.
8 de junho de 2011 às 11:31 |
Ora, o cargo público era apenas para fazer NEGOCIATAS para ele e para o LULA, pois se a assessoria rendia tanto para que exercer cargo poúblico, senão para intermediar as vantagens aos seus clientes “confidenciais”?
Para a apuração judicial e para a receita federal cláusulas de confidenciabilidade não existem, elas valem entre os contratantes enquanto
não haja necessidade de esclarecer para quem de direito, sob o ponto de vista de possíveis ilícitos. ADEUS a esse Grande FDP, esperemos que não volte mais para governos federais.