Déjà vu *

deja vu

Nos últimos dias me lembrei de Jânio Quadros. Jânio elegeu-se presidente em 1960 com a bandeira da ética e da moralização. Com um estilo dramático, pairando acima dos partidos, foi definido pelo historiador Thomas Skidmore como um ‘outsider’. Viu-se depois que era igual ou pior a tantos outros.

Conquistou grande maioria do eleitorado prometendo combater a corrupção e a bandalheira. Correu o Brasil em campanha com a musica: varre, varre, varre, varre vassourinha / varre, varre a bandalheira / que o povo já tá cansado / de sofrer dessa maneira / Jânio Quadros é a esperança desse povo abandonado!.

Varrer toda a sujeira da administração pública. Por isso o seu símbolo de campanha era a vassoura. Tomou posse em 31 de janeiro 1961. Proibiu o uso de biquínis e a briga de galos. Brigou com o Congresso, dizendo que com ele não conseguia governar. Pensava possuir um magnetismo pessoal maior do que de fato tinha. Colocando a culpa em “forças terríveis”, Jânio redigiu uma carta de renúncia em agosto. Pretendia voltar nos braços do povo com poderes excepcionais. A trama, cuidadosamente planejada, falhou e ele teve sua renúncia aceita pelo Congresso Nacional, apenas sete meses após tomar posse.

Quem não conhece seu passado não sabe para onde vai.

* Déjà vu é uma sensação que surge ocasionalmente, quando vivemos algo com a sensação de já ter feito ou visto antes, porém isso nunca ocorre. O déjà vu aparece como um “replay” de alguma cena, onde a pessoa sente já ter passado por aquele momento, mas realmente isso não ocorreu.

Sacudiu os meios políticos a pesquisa do Datafolha, feita em cima do momento trágico.

A candidata a vice de Eduardo Campos, Marina Silva deverá ocupar seu lugar na disputa presidencial. Reconhecida como alguém de temperamento complexo, apesar da aparência frágil, conseguiu em um primeiro momento capitalizar os votos brancos e indecisos daqueles que estão cansados de bandalheira.

Os números apresentados tem uma certa lógica. Marina Silva acrescentou aos 8% que Eduardo Campos já tinha outros 13 pontos oriundos de brancos nulos e indecisos o que a levou aos 21% apresentados. Já Dilma e Aécio mantiveram-se praticamente com os mesmos índices.

Não era eleitor do finado, mas me impressionei que tantas de suas qualidades fossem reconhecidas somente post mortem.

Em março Lula foi a um almoço com empresários no Paraná. No encontro, defendeu que Dilma mereceria mais quatro anos para manter as políticas de governo.

Revelou sua grande preocupação naquele momento: “que venha alguém desconhecido,muito jovem, que se apresente muito bem e se repita o que aconteceu em 1989”. Os presentes entenderam a frase como uma comparação entre Eduardo Campos e Fernando Collor de Mello. Saiu na Folha e está na internet, em http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1427517-a-empresarios-lula-compara-eduardo-campos-a-collor.shtml

Mesmo assim, Lula esteve presente no adeus a Eduardo Campos, domingo.

Chorou no velório.

Enio Meneghetti
http://www.eniomeneghetti.com

chorou no velório

Sem tít
http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/03/1427517-a-empresarios-lula-compara-eduardo-campos-a-collor.shtml

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