O Beto Becker envia um vídeo que dá o que pensar. Mostra um sistema adotado em Barcelona que acaba com as latas de lixo, a sujeira nas ruas, o barulho e a bagunça da coleta por caminhões.
Parece mágica, mas não é.
Imaginar sua implantação em cidades brasileiras seria uma visão tentadora. Mas não dá para deixar de exercitar a mente visualizando os empecilhos que algumas mentalidades míopes e tacanhas (ou mal intencionadas) causariam só de pensar em adotá-lo, antes mesmo de se começar a falar em custos.
Veja:
O sistema, como se pode ver, é sensacional. Confesso que não sei quanto custaria para implementá-lo em uma cidade como Porto Alegre. Como diz a reportagem, a longo prazo torna-se vantajoso.
Mas e os grupos que gravitam em torno do recolhimento de lixo, com as histórias que se contam Brasil afora, como reagiriam à idéia?
E aqui em nossa aldeia, se para tirar as carroças das ruas, já dá uma tremenda discussão pela perda da atividade econômica de seus condutores, imagina não ter mais a matéria-prima para recolher!
E os garis desempregados?
É claro que seria uma mão de obra perfeitamente alocada em outros setores, após treinada, como a construção civil, sem falar nos que seriam aproveitados na operação do novo processo. Até porque, um projeto como o mostrado no vídeo não se implanta do dia para a noite. Levaria bem mais de uma década, caso fosse adotado.
Mas o que haveria de discurso demagógico e desvio de foco em torno do assunto, dá bem para prever.
Lembro da piada do sindicalista que andava por uma estrada e viu uma retroescavadeira em operação. Parou a viatura e dirigiu-se ao engenheiro que supervisionava o trabalho:
– Isso é uma vergonha! Essa máquina está tirando o trabalho de 10 homens que poderiam estar trabalhando de pá e carrinho de mão!
O engenheiro respondeu:
– Bem, na verdade, ela tira o trabalho de 100 homens, se trabalharem com uma colher e um balde cada um.
Piada? Mas eu lembro da gritaria que houve há apenas uns dez anos, quando pretenderam oferecer a opção do sistema self-service (perdoe-me pelo anglicismo, deputado Carrion!) nos postos de gasolina, pela diminuição de empregos que causaria aos frentistas. Claro que, no caso, era um problema a ser resolvido. Mas naquele caso, merecia ser estudada como uma opção a ser oferecida, desde que a um custo menor para os consumidores.
Evidentemente que não se pretende tirar o emprego ou sustento de ninguém. Mas existem formas racionais de encarar as novas idéias e resolver os problemas que elas trazem sem descartá-las de pronto. Todo novo processo sempre abre uma nova gama de atividades a serem exercidas. O que não se pode é parar de ousar.
Agora, quem matou a questão foi meu amigo Jackson:
“No Brasil, o sugador iria estragar por falta de manutenção; as pessoas colocariam sacos maiores que as bocas das lixeiras; algum cidadão com excesso de peso poderia tentar o suicídio e entalar, paralisando todo o sistema; a prefeitura faria uma taxa adicional de emergência e o sistema antigo de coleta seria reativado com o dobro do custo; o sistema seria invadido por sem-tetos que passariam a residir no interior dos tubos. Esquece.”
Definitivamente, seria difícil.
Tags: barcelona, coleta, lixo, Porto Alegre
6 de junho de 2011 às 19:10 |
Estava lendo teu texto bem interessante e até achando graça. Mas de repente, me bateu uma tristeza! Nossa, por que aqui tudo é tão difícil? Que vontade de morar em Barcelona, que inveja!!!
6 de junho de 2011 às 19:18 |
Dá tristeza mesmo. Temos mesmo que aprender a conviver com a sujeira por todos os lados. A começar pelo que sai no jornal todos os dias.
Já imaginou um cara como o “Paloffi” organizando a construção desse troço aí?
6 de junho de 2011 às 21:36 |
aqui nada se faz que tenha o interesse público efetivamente como objetivo; as negociatas precedem os projetos que por sua vez são executados de forma a rentabilizarem mais propinas aos gestores; tudo tem um interesse de pessoas ou de grupos, ainda mais no lixo; olha o lixo de CANOAS/PT que o jornalista Vitor Vieira anunciou muito antes quem ganharia a licitação e os órgãos de controle nada fazem. Para ter uma cidade organizada e com boas condições de vida não precisa de nenhuma COPA do MUNDO. Só o tunel da Conceição vai ter um super aditivo de contrato de 3,6 milhões(pra quem esta grana?)
6 de junho de 2011 às 21:47 |
Com as minhas saudações ao amigo Ênio e seus leitores, ouvi pela manhã numa rádio qualquer que a COPA do MUNDO no Brasil era oportunidade que o brasileiro teria de ter grandes projetos para as suas cidades; pensei “acho que pensam que somos idiotas”, pois não precisamos ter exigências da FIFA (aquela da corrupção) para termos grandes projetos; este projeto do lixo subterrâneo conduzido até os terminais de reciclagem e de produção do gas metano é fantástico e quanto menos se gastar em estadios privados (futebol é outro sub mundo de corrupção) mais sobra para grandes projetos de transportes, ambientais, de lixo,
de vias públicas, só basta querer e ter administradores MENOS DESONESTOS e que se satisfaçam com apenas 10% porque há muitos que passam dos 100% de propina; outro indicio das desonestidades dos gestores é que são sempre os mesmos que estão no comando das articulações e ações onde a propina é elevada e garantida. Eles apenas se revezam nos cargos para “inglês” ver. O nosso povo é muito burro votando em desqualificados. Continua postando matérias de interesse e permitindo que os leitores se manifestem, ao menos para “desabafar”, se para outra coisa não servir. ab. Tubino
6 de junho de 2011 às 21:51 |
paara conhecer: “Durante mais de oito meses o jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, denunciou que estava em curso uma fraude em licitação do lixo na prefeitura municipal de Canoas, cidade localizada na Grande Porto Alegre, comandada por um prefeito petista, Jairo Jorge (ex-chefe de gabinete do Ministério da Educação, na gestão do peremptório petista Tarso Genro). O jornalista Vitor Vieira escreveu centenas de vezes, no seu site Videversus (www.videversus.com.br), no seu blog Videversus (http://poncheverde.blogspot.com) e no seu microblog no Twitter (www.twitter.com/videversus), que a fraude consistia no direcionamento dos objetos da licitação do lixo para uma empresa vencedora. O jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, fez mais do que isso: protocolou denúncias formais da fraude no Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul.
Mais ainda: de tanto insistir via Twitter, o promotor Amilcar Macedo, de Canoas, determinou a abertura de inquérito civil público para investigar a referida licitação. E ainda mais: o jornalista Vitor Vieira, editor de Videversus, centenas de vezes (e todos os seus milhares de seguidores no Twitter sabem disso, assim como as dezenas de milhares dos seguidores destes seguidores) divulgou o nome da empresa que iria ganhar a licitação fraudada do lixo da prefeitura petista de Canoas: trata-se da Revita, empresa pertencente à Vega. Bingo. Não deu outra. Nesta quarta-feira, a prefeitura petista de Canoas cumpriu o último ato da farsa da licitação fraudada, abrindo os envelopes de preços e conferindo a vitória à Revita. Há meses, o jornalista Vitor Vieira insistia que esta empresa seria a vencedora da multimilionária licitação fraudulenta do lixo da prefeitura petista de Canoas. Na esteira dela, ganhou também a empresa Themac do Brasil. Ela é a fornecedora do tipo de caminhão e conteiner exigido na licitação. Acrescente-se: é fornecedora única no mercado brasileiro do caminhão de coleta lateral mecanizada, com comando da cabine, existente no mercado nacional. A Themac opera em sociedade com a Revita (do grupo Vega) na cidade gaúcha de Santa Maria, governada pelo prefeito Cezar Schirmer (PMDB). O campo de prova da Revita foi a cidade de Caxias do Sul, comandada pelo prefeito Antonio Sartori (PMDB). Há dois anos, o jornalista Vitor Vieira se deslocou até Caxias do Sul para protocolar na prefeitura local um pedido de informações, com fundamento na Lei Federal nº 9051 (Lei das Certidões), e documentos, da operação do lixo na cidade. Especialmente pedia cópias de documentos referentes à “licitação” para a compra dos conteineres da empresa Themac. Ora, é óbvio que a prefeitura negou as cópias dos documentos. Por que será? O Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul faz que não vê nada disto. Na cidade de Venâncio Aires ocorreu outra licitação do lixo. O edital também exigia um tipo de coleta mecanizada, por meio de caminhão coletor lateral. Licitação dirigida, batata, e não poderia dar outra. Era licitação para ser ganha pela Themac. Foi apresentada uma denúncia formal ao Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que não se manifestou até hoje sobre o caso. E já lá se vão mais de quatro anos. Ou seja, vai vencer o contrato da licitação, e o Tribunal de Contas do Estado nada terá feito no caso. Isso permite, então, que o “esquemão” vá avançando, e tomando conta do mercado gaúcho. O promotor de Canoas, Amilcar Macedo, não se dignou a dar qualquer sinal até agora de sua suposta investigação a respeito da fraudada licitação do lixo da prefeitura petista de Canoas, que ocorreu debaixo do seu nariz. E tudo fica por isso mesmo. Os que se sentirem prejudicados devem se queixar a quem? Ao bispo, ao Papa, à OEA, ao Tribunal de Haia? Deve ser, porque, lastimavelmente, não existe um Conselho Nacional dos Tribunais de Contas no Brasil, assim como os conselhos Nacional do Ministério Público e Nacional da Justiça. E olha que seria necessário, porque não há cortes mais ineficazes, incompetentes, e outras coisas, do que as de Contas no País. O Brasil já virou um México, uma Colômbia, e todo mundo está fazendo de conta que não vê. O jornalista Vitor Vieira, que tentou alcançar algum resultado no Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul, acabou agredido por um truculento guarda costas do presidente da Corte, o conselheiro João Osório, sob o comando deste.”
6 de junho de 2011 às 22:25 |
Tudo bem Enio?
Estou na zona rural e a internet por aqui está lenta, não consegui assistir o vídeo. Mas não deixo de fazer dois comentários sobre o assunto:
l) Ate o inverno passado, em Barcelona, pelo que me contaram, as pessoas tinham que carregar seus sacos delixo por algumas quadras e depositá-lo em containers. Não tem caixa de coleta por todo o lado, talvez para poupar o percurso dos caminhões.
2) Acho um absurdo que o lixo seja misturado quando sai das residencias. Se cada unidade familiar providencisse na separação, os catadores não precisariam ter o trabalho de abrir vários sacos. No caso de edifícios ficaria tudo num sacão. O Brasil é campeão mundial de reciclagem e acho que todos podem ajudar mais um pouco fazendo a separação de latas, garrafas, papéis, vidros, etc.
Abç.
7 de junho de 2011 às 3:47 |
Zé Luiz, dá uma olhada no vídeo. Pelo que está explicado, o lixo é separado. E o sistema está em implantação, em vias de atingir toda a cidade de Barcelona, já tendo eliminado 160 caminhões. E a previsão e que não sejam mais usados (caminhões)quando o sistema estiver 100% implantado. Abraço. Enio